segunda-feira, 1 de março de 2010

Paulo Vitola, encantador de palavras

Scriptorium,


me apago
então me acendo
no papel
só vendo
quanto é vago
e doce o fel
a tinta cor do céu
bem cedo vira mel
bem cedo
toda tinta vira mar
por onde
alguma história
vai passar
na glória
de acenar
do seu navio
um coração vazio
a chuva em pleno estio
as mil e uma
noites de abril
desenhos e sinais
a flor no carrossel
e números fatais
beijando o céu
ainda
que não minta
no papel
a tinta
sempre inventa
um pouco mais 
 um vento nos beirais
dois lenços quase iguais
dizendo
é bom te ver
aqui no cais

(No momento tudo o que eu desejo é sorver essas palavras lentamente, em silêncio solene, depois mergulhar nelas, profundamente, e depois, se eu não tiver outros desejos, eu ajeito o post, prometo, compreendam).
Atualização: como tentar ajeitar esse post, tão mal acomodado no meio das minhas bobagens? Um post com um assunto desses merecia lugar melhor, num blog bem melhor que este.

Esse moço Paulo Vitola, que passa a vida real hard working em seu Scriptorium, é em momentos roubados, um encantador de palavras, que se põem docilmente à sua disposição, e o deixam fazer com elas o que ele bem entende. E ao manusear as palavras com seu carinho e sua habilidade ele constrói idéias, assim como quem pinta uma tela ou cria um cenário pra um filme à la Buñuel, Bertolucci, Kurosawa. As cenas que nos levam a sonhar, a flanar em céus impossíveis, estão nos poemas de Paulo Vitola, na fluidez das suas palavras. Ele as vai desenhando na nossa imaginação com a espontaneidade de quem escreve com a ponta do dedo indicador, em letra cursiva, o nome da amada sobre o suor de sua testa, como ele mesmo diz num outro poema.

Eu não sou crítica, não sou versada em poesia, não sou nada. Se arrisco tecer essas considerações sobre o artista consagrado que é Paulo Vitola, é tão somente como apreciadora das letras, eterna bedel da prosa e da poesia, e mais especialmente como a mulher que se encanta ao reconhecer no artista essa genialidade que o homem comum não alcança.

Parabéns, Paulinho, como o chamam suas amigas, compreensivelmente enternecidas com suas palavras tingidas de paixão e sonho.

4 comentários:

  1. Querido Vitola, é imprescindivel " te ver aqui no cais"!!! Valeu SAN

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  2. Nuóssa! A muguegada é doida nesse tal de Paulo Vitola. Onde o cara aparece é aquela babação, uia!
    Não deve ser fácil...

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  3. Não sei se vocês repararam, mas estou andando alguns centímetros acima da superfície da Terra, completamente feliz.

    Beijos,

    Paulo Vitola

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  4. Woa! Você está tendo uma acanhada noção de como nos faz sentir com seus poemas, tá bom? Beijos também.

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