domingo, 28 de fevereiro de 2010

I just something


Eu estava arrumando numa travessa de fracalanza umas fatias de tomate caqui que eu cortei bem fino pra acompanhar um churrasco de forno que eu faço que é quase excelente, só faltando o gosto de fumaça, que é o que deixa o churrasco excelente, e o refrão dessa música, por um motivo que eu não conheço ou não quero admitir, ficava me martelando a cabeça. Então eu resolvi dar um tempo na salada e vir postar a bagaça aqui de uma vez pra ver se sossegava o meu subconsciente, tadinho, que já anda muito largado pra Deus.

Esta mulher merece todo, mas todo o meu respeito. Pegou o melhor taxi da praça.

Vanessa Paradis (click), francesinha que aos 14 anos gravou o hit Joe Le Taxi, através do qual ficou conhecida no mundo inteiro, fez uma muito bem sucedida carreira como cantora, modelo e atriz. Lindíssima e talentosa (ao menos era, agora não sei se a coca estragou), como se tudo isso não bastasse, em 1997 conheceu em Paris ninguém menos que o meu Johnny Depp, casou-se com ele, teve uma menina, a Lilly-Rose Melody e um menino, o Jack John, e continua casada depois de 12 anos (click) vivendo na sua bela casa no sul da França quando não na sua ilha no Caribe. Agora o casal está filmando My American Lover, a estória do romance de Simone de Bouvoir (interpretada por ela) e Nelson Algren (Johnny Depp). Por outras palavras: tem gente que nasce com tudo e no decorrer da vida ainda ganha mais. Abaixo a deliciosa letra de Joe, o taxista de Paris (se me der na telha tasco uma traduçãozinha comme si comme ça outro dia), para você cantar junto e lembrar a versão da Angélica, quando tinha aqueles pernões e aqueles olhões. Hoje tudo mudou. A única coisa que continua igual é minha paixão por Captain Jack Sparrow e todos os doidões que o Joãozinho faz.

Joe le taxi  y va pas partout y marche pas au soda
Son saxo jaune
Connait toutes les rues par coeur
Tous les p'tits bars tous les coins noirs
Et la Seine et ses ponts qui brillent

Dans sa caisse la musique a Joe
C'est la rumba le vieux rock au mambo

Joe le taxi c'est sa vie le rhum au mambo embouteillage
Il est comme ça rhum et mambo

Joe  Joe  Joe
Dans sa caisse la musique a Joe resonne
C'est la rumba le vieux rock au mambo bidon
Vas-y Joe  vas-y Joe  vas-y fonce

Dans la nuit vers l'Amazone
Joe le taxi et Xavier Cugat
Joe le taxi et Yma Sumac

Joe  Joe Joe
Joe le taxi c'est sa vie le rhum au mambo embouteillage
Joe le taxi et les Mariachis
Joe le taxi et le cha-cha-chi
Joe le taxi et le cha-cha-chi

Vas-y Joe vas-y fonce
Dans la nuit vers l'Amazone
Joe le taxi et les cha-cha-chis

Dona, seu marido é o cara. O seu nome, dona Paraíso, cairia como luva pra ele. Johnny Paradise.
*suspiro (sigh)*

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Clichê


- Tem duas coisas que você precisa saber sobre mim, disse ela sem desviar o olhar das luzes da rua, borradas pela chuva. E antes de se virar para ele pensou em  largar o uísque que bebia. Passou a mão sob o copo, ver se estava seco e não mancharia a mesa. Era assim, nas horas de maior angústia coisas banais viravam sua maior preocupação. Procurou o guardanapo de papel largado por ali.

- Que coisas? perguntou ele contrariado. Aquela discussão  já se arrastava por mais tempo do que ele esperava. Ele não aguentava mais aquele vai e vém. Um dia estavam bem, no outro era discussão atrás de discussão atrás de discussão, e assim os dias iam se alternando e a sua esperança de que a vida deles virasse uma coisa viável ia se distanciando cada vez mais. Ele sentia um cansaço, uma saudade do tempo em que não a conhecia e em sua vida só havia problemas iguais aos de todo mundo.

- Eu não suporto cigarro e cachorro.
- O quê? Que droga é essa que você está dizendo?
- Eu não suporto cigarro e cachorro, entendeu? Quantos meses faz que a gente está junto? Sete? Oito?
- Dez meses. Faz dez meses. Vem cá, você não sabe quanto tempo faz que a gente está junto?

Ele deu uma risadinha desanimada, balançou a cabeça entendendo que fazia papel de besta ali. A mulher não sabia nem há quanto tempo estava com o cara, coisa que toda mulher sabe obsessivamente. Ela não sabia? Ou estava querendo irritá-lo mais a mostrar o quanto não se importava com aquela relação? Ele apertou os lábios, as mãos enfiadas com raiva nos bolsos, num deles o maço de cigarros que ele tentava ignorar. Soltava para o teto, em vez de baforadas, as risadinhas fracas, sem vontade, cabeça perplexa a balançar.

- Não é esse o ponto. O ponto é, quanto tempo eu tenho aguentado você fumando? Então são dez meses! Mais do que eu imaginava!

- Imaginava? Você "imaginava" o tempo que a a gente está junto? Meu Deus. Olha, vamos parar. Chega. Você quer, eu te levo embora.

- Você me leva embora? Eu vou embora. Não faça o gentil, não aja como se eu precisasse de alguém pra decidir por mim. Quando a gente se conheceu, o que mais te chamou a atenção em mim?

- Ah, não! Essa estória de novo.

- Mas é a verdade! Quando eu entrei naquela reunião, hein? Com aquele cabelo, eu, toda de preto, sandálias salto doze.

Ela fez um risinho de autodeboche pra brincar um pouco, desmanchar a tensão.

- Hein? Marchando como eu marchei pra dentro daquele escritório. Vocês todos pararam de falar. Ficaram vidrados. Lembra? O que você me disse depois?

Ela se aproximou abaixando a cabeça como uma menina, pra olhar no rosto dele, agora voltado para o chão, falou baixinho, pausadamente:

- Que a minha atitude, que a minha figura, eram desafiadoras. Foi isso que o fez se apaixonar no mesmo instante em que me viu.

-É. Isso e a fúria que você mostrou naquela reunião. Eu devia ter sabido.

- Devia, sim! Mas não soube. Ficou obcecado com o meu cabelo, com a minha auto-suficiência.

- Com a auto-suficiência que você parecia ter e com aquele cabelo de maluca.

- Eu estou há dez meses te aguentando fumar. E há dez meses eu finjo que não detesto teu cachorro nojento babando por toda parte. Meu Deus! Dez meses que eu aguento teus cigarros e o teu cachorro nojento.

- Okay. Tá bem. Você não precisa. É isso? Meus cigarros e meu cachorro. Olha, esses vão ser os últimos itens que a gente discute sobre o erro que nós fomos nas nossas vidas, está bem?

- E a tua família? Coisa mais ridícula! Teu pai é quem tem a palavra final em tudo.  Como é que pode? Você não sente a humilhação que isso é?

- Minha família? Minha família! E o bando de sanguessugas que você chama de sua família? Quem aguenta aqueles párias? Olha, sabe o quê? Vá embora, por favor. Vá, que isso está ficando muito feio, já passou até do nosso limite. Sério, se não quer que eu te leve, vá embora. Eu não aguento mais, hoje não. Por favor?

Suas últimas palavras sairam tremidas. Só faltava dar razão a ela e começar a chorar, mostrar fraqueza. Era o que ele gostaria, botar pra fora aquele nó no peito que vinha aumentando dia a dia. Ela não entendia. O que sabia dele, afinal? Nem há quanto tempo estavam juntos. Ela estava certa e tudo estava errado, fadado a nunca funcionar. Melhor chegar logo ao espasmo final daquela dor, incômoda como um torcicolo perene.

- Está bem. Eu vivo humilhado, eu fumo, eu tenho um cachorro nojento. Qualquer coisa. Todas essas coisas. Tudo o que você quiser mas agora, pelo amor de Deus, se você não for embora eu vou. Fique aqui, passe a noite, mude-se pra cá, qualquer negócio, só não vamos mais ficar juntos, está bem? Nunca mais.

Ele foi para a porta, cambaleante feito um bêbado, meio cego, meio zonzo. A cena toda era estúpida e repetida, como um disco riscado. Ele lembrou da canção. Como num disco riscado... A  vida dele havia perdido o sentido, ele havia perdido a noção, o cenário desabava no palco, blam! o estrondo, a poeira, tudo falso, ilusório. Chegou à rua. Ganhei a rua, ele pensou, tentando achar graça. Respirou fundo encostado à parede molhada. A chuva fazia sua camisa grudar no corpo, era um alívio, o frio, o ar frio, o espaço aberto.

- Espera! ela gritou, vindo atrás dele. Não sai desse jeito. Ficou louco?

Ficou louco. Ficou louco. As palavras se estatelavam na avenida molhada onde as luzes dos carros faziam listas vermelhas, tortuosas, listas às quais ele tentou se apegar, fixar os olhos duramente, alguma coisa tinha de parecer real naquele momento.

As buzinas, os pneus na rua molhada, os limpadores de pára-brisas, tec-tec, tec-tec, indo e vindo, indo e vindo, como a sua vida com ela, como os dias, as discussões, atritos, aquele amor tão insuportável, os carros passando por ele, a chuva caindo nele, a falta que ela fazia, o mal que ela fazia, seu cheiro, seu riso de cristal, sua exaustiva obstinação com tudo, a maneira como soprava o cabelo dele caído nos olhos, seu abraço de braços e pernas, Lolita crescida entediada.

Um carro descontrolado, a curva, o baque, seu rosto no chão, a água da chuva, o sangue vermelho, a lista vermelha de sangue sobre o brilho da água na rua se unindo às luzes vermelhas dos carros. A voz dela se distanciando, batendo nos vidros dos carros com as gotas de chuva. O cheiro da rua, as pessoas, a voz dela chamando seu nome que ele não reconhecia. A poça debaixo do pneu, a luz do poste refletida na poça, a última luz que seus olhos viam e a dor saindo do peito pela última vez e a sua voz que dizia o nome dela virando um sussurro, virando uma idéia, virando vapor no asfalto negro onde pedaços de vidro se misturavam a pedaços de tempo a pedaços de dor a pedaços de amor do que foi do que não foi.

Ela lembrou de uma conversa que eles tinham tido sobre Romeu e Julieta. Os dois, primeiro ele, depois ela, tinham lamentado que o Bardo os tivesse matado. Lembrou-se que ele disse sorrindo e beijando a sua boca:

- Não, boba. A gente não tem de mudar nada. Se o Bardo não os matasse, a vida os mataria. Como vai fazer com a gente.

Eles tinham rido e se abraçado, olhado nos olhos um do outro, fazendo pouco do agouro, da brincadeira, girando como os tolos apaixonados fazem para brincar de roda no meio do mundo. Tão clichê aquilo, ela pensou, enquanto olhava os olhos dele agora, sem luz, enquanto sentia a luz nos seus próprios olhos diminuir para sempre.

Sponholz

Infelizmente nem tudo, meu querido Spon. Que é onde realmente deveria ficar.

Ditado sobre a timidez: devagar se vaia ao longe.

Waldez

Quando parecia que tudo já tinha sido desenhado sobre as forças a-ma-das,
dou de cara com essa do Waldez.
A melhor até agora sobre o assunto. Me rolei!!!

E aí a musa chegou pro poeta e perguntou: não se sente cansado por ter passado a noite em claro atendendo a solicitações? E o poeta respondeu: nem um pouco, poderia passar a vida inteira assim (é que a musa ainda estava sonhando).

Minha linda, não vá perder o sono, viu?

Acho um absurdo quem fala mal da Gisele Bündchen, um absurdo! Antes de criticar alguém como a Gi o vivente devia fazer uma resenha da sua vida patética e, se sobrasse alguma dignidade, desistir da crítica.

Entrei num comment no site da Pry e dei de cara com ISTO AQUI:

Nanael Soubaim disse...
Bündchen não é bonita, não é elegante e não me desperta simpatia alguma, vista pela mídia. A Pryscila sim, tem beleza e charme de sobra, mas na caricatura ela parece estar usando uma camisa de força.

Quer dizer: além de falar merda da Super Gi (ela ficaria totalmente arrasada pobre burra bregona subdesenvolvida com a expertise do Nana), o cidadão ainda fala merda da carica. E acha que está abafando a banca!

Puotz! Um dia ainda vou criar um blog chamado COMMENTS DE MERDA e o Nana vai estar nele.
No soup forrr you, Nanael!

http://todoaquelejazz.blogspot.com/

O amigo não sabe o que é jazz? Não conhece nenhum instrumentista realmente bom? Nenhuma cantora que não se apresente de maiozinho? Está sofrendo de cancro axeístico, peste breganeja, perebas pagodêmicas ou lepra funkarioca? Proféssor Viana tem a cura para essas mazelas todas. Além de conhecer tudo sobre jazz e boa mpb, ele conhece tudo sobre a música em si enquanto manifestação artística. Cursos de bom gosto e etiqueta musical. Acabe com a sua ignorância patética, com a sua falta de refinamento auditivo, pare de entupir seus ouvidos com lixo sonoro. Proféssor Viana é a panacéia para todos os seus males. A primeira consulta é grátis. Vai lá, leia tudo direitinho, ôva tudo e seja uma outra pessoa, bem melhor pro meu gosto.
A Tenda do Proféssor Viana fica aqui e depois disso não tem perdão, que eu não tenho saco pra aturar gente que não sabe o que é jazz, se me faz o favor!

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

San num ataque de romantismo e generosidade: toda mulher merecia ter uma cintura como essa, e um par de pernas como esse, e usar um vestido rosa como esse, e dançar num convés fake numa noite fresca, com um cavalheiro elegante como Mr. O'Connors


Adorável Mitzi Gaynor e o excelente Donald O'Connors em It's De-Lovely,
uma das mais encantadoras composições de Cole Porter. Para pular o diálogo ajuste o vídeo para 3:50 

You can tell at a glance what a swell night this is for romance
You can hear, dear Mother Nature murmuring low

'Let yourself go'

So please be sweet, my chickadee, and when I kiss you,
just say to me

It's delightful, it's delicious, it's delectable, it's delirious,
It's dilemma, it's de-limit, it's deluxe, it's de-lovely

Juro por Deus do céu que não quero morrer sem um dia usar um vestido como esse e fazer uma dancinha como essa

Adorável Mitzi Gaynor
em Let Go, versão yankee de (!) Canto de Ossanha de Baden & Vinicius.
Depois veja mais Mitzi nos outros vídeos e quanto mais melhor pra você.
Eu nasci tiete da Mitzi e não me arrependo.

Ciro Ropke

E eis aí a Blueboleta, clicada em plena aula de Direito do Trabalho pelo nosso
cientista-causídico-paparazzo Doutor Ciro. Olha que bela estampa. Invejei.
(Doutor Ciro vai pra facu com mil idéias na cabeça e uma câmera no tirador)

Judiação isso

Capitu rodízio de picanha? Pobre Bentinho. Mais uma chapoletada na sua cornitude. Precisava?

E agora dá licença que eu vou ali na minha cozinha preparar um delicioso franguinho ensopado com mangerona e volto depois do meio-dia, se até lá eu conseguir deixar tudo em ordem again.

Pryscila Vieira

Amely, a Boneca Inflável de Pryscila Vieira, a Grandona (segundo Don Suelda). Sabe aquele lance que rolou na web um tempinho atrás, de que tudumundo tem um filme que é a sua cara? Pois bem, o filme que resultou sendo a minha cara foi O Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Gostei muito da minha cara pela primeira vez na vida. Agora, lendo as tirinhas da Amely da Prys, não tenho mais dúvidas de que o universo transpirou pra ligar o meu karma ao das Amelies.

Sonho

Essa noite eu acordei várias vezes para sonhar.
E sonhava que você me dizia ao ouvido coisas muito sérias e belas,
e pequenas coisas tolas engraçadinhas, 
todas as palavras que só você sabe inventar para me fazer feliz. 
E isso abria em meu rosto um sorriso
que abria em meu corpo todas as portas
para as suas mil mãos de delicadeza e delícia.

Recadinho para Don Luiz de Suelda Ortiga y Casset

Só porque foi zonear com a cartunalha, tirar foto no colo da Grandona, fazer um auê na birosca daquela adúltera, nem veio me dizer bom dia, né? Tá bom. Garanto que encheu a cara de coca zero, também.

Ay, que ese pibe tiene me consumido!

He-Magician

Conheço um Mágico que acorda tarde todo dia,
sai de casa apressado calçando um sapato de cada cor,
chega atrasado a todos os compromissos mas,
como ele é Mágico (e He-Man nas horas vagas),
ele nunca se atrasa pra bater ponto no meu coração.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Louraça Belzebuow

Mae West - essa polaca era do balacobaco. Baleikobeiko, como se diz em Inglês.

Dizia coisas do arco da velha (que naquele tempo eram moderninhas pacará). Tenho certeza que você conhece muitas das coisas que essa fera falou, só que, como você é jovem e acha que isso é desculpa pra ser desinformado (eufemismo pra ignorante) você nem sonha quem foi ela. Vou lhe atirar algumas pérolas, poucas, que você já está muito gordinho, meu querido bacourinho:

Algumas frases precisam de cenário, afinal a louraça era uma movie star, the movie star, pra ser precisa.

1- tem aquela, que ela aparece com uns brilhantões enormes e alguém ao vê-los exclama oh my God!
Ao que ela responde Deus não tem nada a ver com isso, honey.

2 - tem aquela, que um figurão do cinema muito fulo, vai tratar com ela um assunto desagradável, e ela o recebe dizendo Isso no seu bolso é uma pistola ou você ficou animado ao me ver?

Vai processando essas duas. Depois tem mais. E olha molecada, se vocês levam a sério o vestibular pra  Mulherologia, sem essa de não saber quem é Mae West. Corram atrás enquanto é tempo, seus unskilled.

Dúvida: quando você é sincero e fala tudo da boca pra dentro, alguém te ouve?

Pesquisa de opinião: Você prefere a companhia das índias ocidentais ou das japinhas orientais?

JBosco

Nunca mais os borsanarfa vão parar de eleger painho&cia, JB matoapal

Sim, Benett

(saca o pixaim do repórti, last season poneytail, sacanagi do Benett, quáx!*)

*copyright Don Suelda

Gorjeta compulsória, o bullying que faltava na coleção

Hoje cedo na tv reportagem sobre a instalação do disk-gorjeta em Sampa me fez lembrar disto:

Estava eu uma noite na Pizzaria e Focacceria Baggio Juvevê com meu filho adolescente, degustando minha pizzazinha de coeur de palmier e conversando animadamente sobre o rinoceronte do Ionesco, Descartes versus Kierkegaard e tal, essas amenidades que vão bem com pizza. Finda a mesma sem conclusão filosófica fiz ao garçom, um pária antipático de sapatos apertados, aquela mímica na qual uma mão serve de bloco de notas sobre o qual a outra escreve, pra que ele trouxesse a conta. Ele fez que sim, reforçando todos os vincos da cara pra deixar claro mas não provável o que pensava de gente como eu.

Resolvi: esse fdp não vai ganhar um real de gorjeta, não de mim. Mas, na hora do acerto, deixei a merreca, faltando exatos vinte e cinco centavos pro dez por cento, nada mal pra quem não ia receber gorjeta at all. Em poucos minutos o pária antipático de sapatos apertados estava de volta. Aproximou-se e atirou, sim, atirou, a pastinha com o dinheiro sobre a mesa resmungando: falta dinheiro!

Falta dinheiro! Assim mesmo, tipo em "falta dinheiro". Como é que é? perguntei eu, misturando Ionesco e Kafka, pois sentia a carapaça do rino a crescer fantasticamente em mim. Falta dinheiro aqui, repetiu o pária. Eu fiz de louca dopada, reexaminei vagarosamente a conta e disse que não, que tinha dinheiro a mais do valor cobrado. Falta a gorjeta, replicou o pária, com a autoridade do Lula defendendo o Sarney.

Eu respirei fundo, meu filho olhou pro cadarço do tênis pensando ai, a mãe vai surtar. Eu recolhi todas as migalhas de razoabilidade que pude encontrar em meu cérebro privilegiado e atirei na cara do pária: falta gorjeta? Gorjeta a gente dá se quer! Você está reclamando que faltam 25 centavos numa gorjeta que eu nem sequer queria deixar pra você? Ele: não sou eu que tô reclamando, é o gerente. Dona, eu sei que gorjeta é que nem bunda, mas aqui é obrigatória e nós não podemo aceitar valor a menos.

Fiz um sinal em código para o meu filho significando aguenta as pontas que este é um assunto para a Super San, e fui até o balcão do gerente, ouvindo ao fundo os suspiros contristados do meu menino e o seu pensamento a perguntar por que eu não posso ter uma mãe normal, por quê? Pensei, não, agora o pária vai ser desmascarado.

Ledo engano desta sensata criatura. O gerente ao me ver arrepiou-se todo, parecia um galo de briga jogado na rinha e ferido de propósito pra ficar mais sanguinário (aprendi essa com o Duda). E foi preparando o discurso. Que eu estava redondamente enganada, que a gorjeta era facultativa pros meus nêgos, que ali no restaurante dele era ele quem decidia se a gorjeta era obrigatória ou não, que a gorjeta complementava o salário do garçom, era até maior que o próprio, e que ele (e aqui ele fez um esgarzinho de riso, soltou um pfu! e olhou pro garçom, espalmando a mão em direção a mim no melhor estilo According to Jim, pra ajudar o outro a compreender a minha bizarrice) ele não podia arcar com essa complementação, o que a senhora estava pensando?

A senhora estava pensando o seguinte: depois que um cara sem noção puxa o berro e descarrega num santo homem desses, sai na Tribuna que o cara atirou porque era louco, porque não prestava, porque não pensou na família da vítima. Que, no caso, se intitulava um dos donos/sócios das pizzarias Baggio.

Pra resumir: tirei toda a gorjeta. E desafiei o gerentão a fazer alguma coisa a respeito. Ele fez. Berrou elegantemente a plenos pulmões que eu me retirasse do restaurante dele e que fizesse o favor de nunca mais voltar. Eu disse por mim tudo bem, cretino carcamano! E fiz aquela gargalhadinha teatral com a qual o mais esperto acaba uma discussão nos filmes. Foi tão fake que injuriou o sujeito, eu pude ver o nojo estampado na cara dele, achei por um momento que ele fosse vomitar em mim.

No dia seguinte pensei em levar o caso ao Procon mas, sabe o que? Senti uma canseira muito grande. Esse mundo está tão cheio de cretinos, o mundo é deles na verdade, eu é que estou aqui de besta. Tem uma frase na Bíblia que diz felizes os mansos, porque possuirão a terra. Naquele tempo manso significava cretino.

Hoje, dez anos depois, alguém resolve instalar em São Paulo um ridículo e inoperante disk-denúncia contra a cobrança compulsória de gorjetas. Agora, sim! Hein? Agora a coisa vai, powha!

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Sim, Benett

Descobri que por trás de todo o talento o Benett é simplesmente um cara muito mas muito legal, ow!
Trocar idéia com ele é das experiências mais ricas e hilas que alguém pode ter, espumem de inveja.

Às vezes eu sou amável. Mas quando eu tiro o enganoso vel, sou só a má.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Não se iluda, meu bem, os caras da tv-acabo nunca vão casar com você, te dar um nome, um teto, botar comida na tua mesa. Eles só querem fuckêr com você.

Foi assim. Da primeira vez eu estava lá, sentadinha no sofá da sala, não tinha ninguém em casa, o tempo estava pra chuva e eu não me decidia entre pintar de vermelho as unhas do pé ou ir fazer bolinhos de chuva, o que me parecia mais apropriado, por outro lado eu nunca pintava de vermelho as unhas do pé e começava a ficar obsessiva com isso.

Foi quando aconteceu. Ele chegou com aquela voz de locutor, com aquele jeito estudado de falar, assim, pra engambelar mesmo. No fundo eu sabia que não devia dar trela. Afinal sou uma mulher feita, mal mas sou, mas aquela conversa, e ele mostrando um pouquinho aqui, um pouquinho ali, quando dei por mim eu estava no papo. E amando cada minuto.

Maldito! Miserável! Hoje quando paro para analisar friamente vejo que papel eu fiz. Como é que a gente pode ser tão idiota nessas horas? Fui na conversa, nenené, que eu ia gostar, que nunca mais ia passar sem...

Então ele disse que a gente ia começar dia tal, hora tal, que era pra eu esperar ali, sentadinha no sofá da sala. Que horas? perguntei. Ele: 22 horas. Nossa, disse eu, mas no domingo? Quero dizer, segunda de manhã é brabeza, né? Domingo às 22 horas, repetiu ele, você não pode perder essa chance. É, acho que não, concluí, examinando rapidamente minha situação.

E no domingo marcado, às dez da noite, lá estava eu no sofá, toda emproadinha, camisola, banho tomado, dentes escovados, pernocas esticadas, mexendo os dedos do pé idiotamente chamados artelhos, e olhando minhas unhas vermelhas. Foi assim que tudo começou.

Passei muitos domingos fazendo aquele ritual, já nem me importava mais com o horário. Nosso programa ia até depois da meia-noite. Terminado, eu me arrastava pra cama, cansada mas feliz, cheia de coisas fortes com que sonhar.

Até que num domingo ele apareceu às dez avisando que nosso programa começaria a uma hora. O QUÊ? gritei eu, como assim? Uma hora, repetiu ele, impassível. Uma da madrugada? insisti. Sem resposta. Ai, medeus, falei sozinha, como é que eu vou levantar segunda às 5:45 da manhã? Por quê? Resposta nenhuma.  E agora, dormir sem? Vou confessar: tentei dormir sem, não consegui. Fiquei me revirando na cama, senti um calorão horroroso, vi que não ia dar, voltei pro sofá, esperei até a uma, à meia-luz. Na casa o silêncio pesava, eu ouvia o ronronar inocente de quem dormia.

Depois de dois meses eu entrava a semana feito um zumbi. Todo mundo queria saber o que eu andava fazendo. Nada, dizia eu. Que se danassem. O lance era meu, o que eles tinham com isso? Importava é que todo domingo a uma da madrugada eu estava lá, no sofá da sala, me divertindo. Pra mim estava bom, de qualquer jeito. Eu só não podia ficar sem.

Pra dar uma arrumada na situação eu inventei isso: dormia até a uma, na cama mesmo, de verdade. Acertava o despertador pra uma da madruga, quando ele tocava eu zumbizava até o sofá e, uma vez lá, nem sei se acordava, mas me deleitava por duas horas. Se era esse o único jeito, esse seria o jeito. Contanto que eu não passasse sem. O que a gente não faz... pensava eu, sem coragem pra terminar a frase que, eu começava a suspeitar, seria patética.

E aí então, num desses domingos, simplesmente nada aconteceu. Num primeiro momento achei melhor imaginar que tinha havido algum problema. Fase da negação. Pensei: agora está muito tarde mas amanhã eu ligo.

Passei por todas as fases, liguei, mandei email, me descabelei, perdi a compostura, esqueci que era uma dama, ameacei. Só chorar não chorei, que aí era dar ganja demais. Mas fiquei muito fula. Faz um tempão, ainda não esqueci, nunca vou esquecer.

Era na Warner. A trocentésima reprise de Os Sopranos, que eu nunca tinha visto. Parou faltando um tantico pra acabar. Biscoito interrompido. Eu passei de alguém que ainda não tinha visto os Sopranos pra alguém que não viu o final dos Sopranos e como queria!!! Virei uma aberração, motivo de chacota, um ser mais vexatório que o virgem aos quarenta. Quem se importa? Os caras da Warner? Por muitos domingos eu os ouvi gritar:

Fuck you, sucker!
Vai choramingar na ponte que caiu, sua vaca!
Quem mandou ser otária?

Assim. Só não me encheram de pontapés nem fizeram xixi em cima porque faltou tecnologia para tanto.

O supra-sumo da fofice

Solda postou hoje no seu bloguíssimo, a fotenha do meu cafofo eletrônico,
com a seguinte legenda mais fofa que uma nuvem de marshmellows:
Here comes the San
E aí? Só mandando miles beijoquinhas mesmo... How sweeeet.

Para uma criatura fantástica que mora no meu coração. Diz o Chico que a arte é inútil mas sua música ser usada como fundo musical de um namoro é muito bacana, né? É, Chico. Priceless, I suppose.


Gee, tem trocentos descornados no u2b mandando essa milonga.
Devagar e urgentemente...

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Gustav Klimt, a quem entreguei a flor da minha inocência, num verão, no Castelo de Kammer

O Castelo de Kammer (Gustav Klimt - 1909)

Gustav encostou-se desajeitadamente na bancada, e uma porção de pincéis foram ao chão com estalos secos. Ele não se importou, puxou-me para mais perto respirando forte e soltando sua larga camisa, onde meus olhos procuravam manchas de tinta. Essa distração ele corrigiu segurando meu queixo com firmeza e levantando meu rosto, forçando-me a olhar dentro de seus olhos, cheios da brutalidade que me fascinava e me fazia detestá-lo. O que eu podia contra ele? Entreguei-me, amolecida, ele mordeu meu lábio antes do beijo, a barba arranhando meu rosto enquanto sussurrava San, San, ach meine Geliebte! O cheiro vulgar de schnaps em sua respiração me deixava levemente tonta e a sua força contra meu corpo pequeno quase me arrastava para a sua vontade mas, não, não era o mesmo o sentimento que nos ligava.

Ele queria em mim a beleza jovem e aflita que perseguia tropegamente o seu amor. Queria o sexo escandaloso que tomava conta da sua vida, e influenciava a sua arte, e mostrava a todos o seu desdém. Era isso o que ele desejava mais do que o corpo fresco sob o vestido que ele tentava romper, mais do que a pele luminosa que ele dizia cheirar a chuva e junquilho. Era isso em mim o que o enlouquecia mais: o espetáculo, o desafio, a resposta.

Eu? Eu queria o artista por trás da rudeza, o sublime por trás do suor e do hálito, o gênio delicado que ignorava o mundo e criava arte. Eu queria sua alma, sua essência, eu queria ser todas as telas imortais que sua sensibilidade produzisse, eu queria ser cada pincelada, cada cor, cada pequeno tremor que a tela recebesse, eu queria possuí-lo infinitamente mais do que ele a mim.

E enquanto ele se desvencilhava de minhas roupas e gemia gulosamente a cada palmo de pele descoberta, eu o observava, distante. Ele reparava muito pouco na minha expressão, certo de que me enchia de desejo. Eu podia gritar (e essa traição me divertia) "teu pincel me traz mais êxtase que teu falo, meu querido!". Eu podia ouvir minha própria gargalhada pontiaguda partindo as vidraças do estúdio, as figuras nas telas rindo comigo. Mas eu não queria feri-lo. Ou talvez eu quisesse, talvez eu gostasse de ver a arrogância esmigalhada, alguma dor. O que eu não podia era permitir que ele entendesse o que se passava. Afinal ele não sabia que era apenas o artista, enquanto eu era a mulher amada pelo artista.

Meu pobre Gustav! Beijava loucamente minhas pequenas mãos sem se ver nelas.

Foi o que eu imaginei, naquele verão em Kammer, passeando pelos jardins ao som de insetos e pensamentos. Depois disso nunca mais voltei ao castelo ou a Gustav. Eu tinha passado por eles, como o verão.

Da Big Nacho

My Hero

Puragoiaba 4ever

Se alguém fizesse comigo aquele questionarinho sequelado: se você fosse mandada pra uma ilha deserta, podendo levar junto um só de cada item a seguir: 1) livro; 2) comida; 3) cd; 4) joguinho eletrônico; 5) gente; qual levaria? 

Tá, na lista original não tem joguinho mas como essa é a minha versão e eu não vivo sem o meu game boy velho caindo aos pedaços, eu me precavi. Não ia levar nada do restante da lista, a não ser a gente. Imagina ler o mesmo livro, comer o mesmo prato e ouvir o mesmo cd repetidamente até o fim da vida? Meu pensamento imita a voz da Oprah: buooooriiing!

Agora, a gente, eu sempre (sempre mesmo, sou paranóica com isso de ser mandada pra uma ilha deserta assim sem mais nem menos) sempre, penso no Ruy Goiaba.

Que o Ruy, o Rogério O., os dois, são pessoas com as quais eu imagino que poderia sentar num praião, sem nenhuma perspectiva além da visual, aquele marzão besta de frente pra gente, indo e vindo, indo e vindo, pouco se lixando pra nossa situação patética, e ainda pensar:

Putz, legal! Vou poder conversar com o Ruy Goiaba até não querer mais, só eu, merci bon Dieu!

O Rogério O. largou mão do blog dele, o Puragoiaba -tem o quê? ano e meio?- e foi twittar na vida. Eu ainda não me conformei. O Pura era o meu refúgio nesse mundo cruel. Cada vez que eu me sentia ameaçada, ferrada, banida da lista de Caras, eu corria pra lá, subia na goiabeira, me lambuzava das melhores goiabas e esquecia a maldade da vida. Isso quer dizer todo dia.

Quando ele pinchou no blog a plaquinha the end eu procurei minha poltrona no canto da sala, subi sofregamente, cruzei minhas perninhas, torci a barra do meu vestidinho, engoli o nó na garganta e derramei lágrimas salgadas e quentes até cair no sono e sonhar com o meu Ruy, com o meu Puragoiaba. Que triste.

O Rogério O. acha exagero. Que eu não devo contar o tempo. Que isso é nóia. Que está superfeliz no Twitter como Mrguavaman. Me diz pra visitar ele lá. Eu vou. Mas, sabe como é? Cadê a minha goiabeira? Tem passarinho mas não tem goiabeira? Aquele bando de passarinho o tempo todo tuí tuí tuí tuí tuí e cadê a plácida goiabeira? Não dá pra minha esquizo.

Então resolvi que vou começar a catar os textos do Pura e colar aqui, fazer de conta que nada aconteceu, que eu estou nos primeiros e inesquecíveis contatos com o meu pé de goiaba lima e, largar na mão de Deus. Ele já tem tanta bomba pra resolver, não dá nada. Como diriam lá na Bahia: turn Yourself, Gódi.

Hoje vai esse texto muito à propos do meu amigo screw minded Nêgo Pêssoa, que acha o roquenrol coisa do Cramunhão. O Nêgo tá pirando total com o rock, acho que vamos ter de interná-lo, o cara pode acabar dando um tiro na cabeça. Se isso acontecer vai voar Eça de Queiroz e Bode Laire pra todo lado.

Toma lá, e trata com carinho. Querendo, pode -e deve- ir direto aos primórdios do Pura *suspiro*

Os profetas do roquenrol

Por que alguns roqueiros se matam? Autocrítica? Vontade de legar um mundo melhor às futuras gerações? Sempre duvidei dessas duas hipóteses: se eles tivessem um mínimo de autocrítica, jamais encostariam numa guitarra, e o mundo não fica melhor com a exploração póstuma da obra dos roqueiros desnascidos. Minha tese: dons premonitórios. Os dois compositores do Badfinger, Pete Ham e Tom Evans, se suicidaram porque, de algum modo, previram que seriam regravados pela Mariah Carey ("I can't liiiiiiiiiiiiiiiiiive, can't give anymoooooooooooore...."). Ian Curtis, líder do Joy Division, enforcou-se porque profetizou que "Love Will Tear Us Apart", no futuro, seria o toque de celular mais popular do Reino Unido. Eu só não havia atinado com uma explicação para a morte de Kurt Cobain -até descobrir que alguém havia resolvido regravar "Come As You Are". Faz sentido, não?


posted by Rogério/Ruy at 15:35
(aqui é onde eu olho o retratinho, dou um beijo e recoloco no meu diário, com um suspiro dobrado)

Andre Dahmer

Tirinha que eu gostaria de ter feito (se tivesse como, bien entendu). Tem mais no Pato

Boa noite até amanhã bons sonhos beijinhuzzz

Como desconstruir um mito sem desalinhar o cabelo nem amarrotar o paletó

Windsor ao por-do-sol

Alexandre Soares Silva (se você esteve acampado no Himalaia na última década e ainda não desfrutou o prazer de conhecer) é o irmão gêmeo caçula de Larry David, nascido em Windsor e educado pela Rainha da Inglaterra herself, o qual, de algum modo, acabou dando com os costados por aqui.

Ele é, que eu conheça, quem melhor consegue desmontar uma pessoa, uma idéia, um princípio, quase qualquer coisa que não precise ser tocada pra ser pulverizada, com uma crítica que mistura a mais convincente inocência à mais franca impiedade, sem nenhuma exaltação, o que acaba tornando a coisa simplesmente hilária. Por essas e por outras ele encarna perfeitamente o enfant terrible, com o máximo de sassy e irrepreendido que a idéia possa comportar.

Sua crítica deixa a gente desconfortável, sem jeito mas, por outro lado, não há como rebatê-la e a única saída que nos resta é dar aquele sorrisinho amarelo e perguntar afobada e abafadamente onde foi que esse menino aprendeu isso?

Entre os pobres diabos que caíram em desgraça com ele está o escritor Rubem Fonseca, reverenciado por muitos brasileiros que leem ou acham que leem. Aqui uma amostra do texto que você precisa ler na íntegra. Tudo o que o marvado diz pode ser provado e não sou eu quem vai retrucar. Pelo contrário, assino embaixo assim que parar de rir.

O Rubem
Como Susan Sontag berrou no ouvido de uma fã uma vez: “Não se pode julgar um artista pelos seus piores momentos!”. E antes que os perdigotos da intelectual novaiorquina secassem no rosto da fã, espero que ela já tivesse aprendido a não falar mal de um autor admirado por Susan Sontag.

Mas o que acontece quando cada página que abrimos é o pior momento do autor? Devemos procurar pela sua única frase brilhante, se ela existe, e julgá-lo por ela? Porque passei seis dias abrindo e fechando dez livros de Rubem Fonseca e cada página que eu abria era, por acaso, o pior momento dele.

Sim, não faça essa cara. “O Rubem?” O Rubem. Se você passasse a vida toda ouvindo elogios a Ronaldinho Gaúcho, e cada vez que ligasse a tv o visse tropeçando na bola ou batendo de cara na trave, dentes voando para todos os lados, ia começar a duvidar dos elogios rapidinho.

Ok, pode parecer implicância reclamar de frases como “larguei o telefone desconsolado” [...] essa ambiguidade é permissível, suponho, mas parei o livro para imaginar um telefone com uma carinha desconsolada, e agora o Telefone Desconsolado é um dos personagens da minha vida mental e não posso fazer nada a respeito. [leia tudo]

Só uma coisinha: o Rubem Fonseca não é o Rubem Braga. Não entendeu? Clica neles.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Coletivo

Entrar no Orkut devia custar metade do preço no domingo. Ao menos em Curita.

Sim, Benett...

Quando eu era pequenininha lá em Curitiba, passava o desenho dos Jetsons, que eu adorava. E tinha um episódio que eu amava particularmente, no qual a filha de George Jetson, a Judy, patricinha sideral, tinha um namorado lindão chamado Benet. Ela estava tão apaixonada que flutuava literalmente (eles podiam) o tempo todo, e a tudo que alguém lhe perguntava ela respondia melosa, batendo os longos cílios, sedutoramente:

Sim, Benet... Claro, Benet... Pois não, Benet...

Cada vez que eu me delicio com as criações desse menino Benett, não posso me furtar à lembrança da Judy Jetson. Esse guri não é o máximo? Olha essa tirinha, que tudo! Claro, Benett... *pisc *pisc

Como tornar-se invisível em Curitiba

Essa idéia, sério, você conhece alguém que nunca tenha pirado nela? Eu conheço dúzias de gentes que piraram tão absolutamente que -inclusive- começaram a acreditar que haviam conseguido, huahuhauha. A melhor coisa pra disparar esse gatilho é se apaixonar quando não se deve. Aí fuzeu. Fica tudumundu invisível feito avestruz com a cabeça enfiada no buraco.

Mas essa frase não é o objeto deste post. Ela faz parte do objeto, que é o texto hilário dessa couza foufa que é o cartunista Luiz Solda. Que é o alter ego de Don Luiz de Suelda Ortiga y Casset, fidalgo iscribinhador, dibujador y bromador (no confundír con embromador, por supuesto). Que é o alter ego de Soruda san, o Samurai do Baka Shiri. Que é o alter ego do Professor Thimpor, velhinho malandríssimo e sedutor. Que é o alter ego de... Well, o cara lembra uma matrioska.

Sem maiores delongas vamos ao texto:

Encontra-se em Curitiba o Prof. Thimpor, famoso vidente e astrólogo itarareense, filho de Don Eurides e de Madame Vidal, pitonisa reconhecida internacionalmente. Não se desespere. Há uma solução para todos os seus problemas. Faça hoje mesmo uma visita sem compromisso.

Estimado leitor, você está desiludido, desanimado? Desorientado? Tem um caso íntimo a resolver? Inveja? Mau olhado? Os negócios vão mal, o dinheiro não está dando nem pra comida, seu time não vai pra frente e o amor não é correspondido?

Queda de lucros na lavoura, indústria ou comércio? A inflação anda comendo o seu salário? Arranca-rabo? Trancetê? Furdúncio? Rebosteio? Urucubaca em geral.

Aqui uma amostra grátis. A íntegra você lê no covil secreto do professor, entre fumaça de incenso, haxixe e plástico queimado, pra disfarçar. Faça uma consulta com ele, se quer aprender a tornar-se invisível em Curitiba. Dica: leve uma garrafa de capilé e dois saquinhos de barquilha, o Professor adora um agradinho, ô.

Foto: ecce homo, hétero e aceso, por Urban!!!

O Caminho de Compostela

Romântico, não? Mas bota o pezão na estrada e faz mão de pedinte pra ver onde vai parar o romantismo

Hoje cedo na tv-acabo reportagem sobre um caminho de peregrinação no Brasil. Entrevistado falando sobre as maravilhas espirituais da peregrinação. Tais como a humildade que você exercita, tendo de bater de porta em porta a pedir pão e pouso.

Isso me causa imediata urticária espiritual. Imagina eu, que não visito nem parentes nem amigos, batendo em porta de estranho? Pra pedir comida? Pior, pra pedir dormida? Ai. Eu que não gosto de entrar no banheiro dos outros nem pra fazer um xixizinho básico, que que eu ia fazer da minha vida? Ai.

Seguindo esse caminho egotrípico cheguei à quase-conclusão de que eu prescisava urgentemente fazer uma peregrinação, um caminho de chão verdadeiro, pra exercitar minha raquítica humildade. Resolvi logo que deveria ser o de Santiago de Compostela, o mais badalado. Aproveitava pra conhecer a Espanha. Sou apaixonada pelos espanhóis. Acho eles tão good looking, tão na deles, tão auto-suficientes dentro da sua latinidade, tão altivos, tão calientes, tão...

Opa! Nesse ponto o entrevistado começou também a dar sua opinião sobre o Caminho de Compostela. E disse algo assim como "só quem faz esse caminho são os por assim dizer chamados, existe o que acreditamos ser um chamamento ao caminho de Santiago, que é feito aos eleitos".

Cáspite! Pensei: não sou uma eleita. Não fui chamada. Ou estarei sendo, por considerar a necessidade de trilhar o tal caminho? Estarei recebendo sobre minha cabeça aquele raio de luz invisível que unge os eleitos?

Foi um momento quase solene para o meu espírito. Não fosse pelo fato de eu lembrar que conheço dois dos eleitos: Pauno Cuelho e Baby do Brasil Consuelo. Dois fuleiros de marca maior.

Acho que a minha humildade vai ter de esperar mais um pouco. Vou procurar uma segunda opinião.

Sorry por inaugurar o horário de inverno com uma noticinha fajuta

Preferia bem mais quando esse título indicava novelinha da Grobo com a Suzana Vieira. Hoje significa: Dilma é oficialmente apresentada como sucessora do Seu Inacio e aclamada na convenção dos petralhas.

Vestida de nauseabundo vermelho petê e exibindo uma peruquinha sem-vergonha, Dilma Vana papagaiou por uma hora a fio. O que me levou ao arrepio máximo foi a sua promessa de "aprofundar os investimentos sociais".

Esse "aprofundar" me lembrou de "inclusão digital", que à época me lembrou que digitus em Latim é dedo.

Osseja: que o "social" prepare seu detonado fiofó. Vem aí o aprofundamento.

O pior de viver neste país nojento é a certeza de que os borsanarfa estão a delirar, looking forward to apertar a maldita teclinha confima.

Eli, Eli, lama sabachthani? Meu desespero político está muito perto do ápice.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Fumantes Unidos: tabaco, tolerância e tico-tico no fubá

De algum jeito outro dia cheguei neste site aqui 

Entrei pra ver o que os fumantes -unidos- tem pra dizer. No surprise, era o famoso e nunca assaz invocado jus esperniandi, tabagistas esperneando contra as leis antitabagismo e contra a overreaction dos não-tabagistas.

Gosto deste termo tabagismo. Dá impressão de miles fumantes sentados em círculo no chão, pernas cruzadas, fumando, fumando, fumando, dentro de uma imensa oca, dentro de uma imensa taba. E lá em cima, saindo pelo biquinho da oca, rolos e rolos de fumacinha ameaçadora. Cena legal. Tabagistas take 1.

Eu não fumo. Experimentei na faculdade (não é assim que se diz?), não curti. Eduquei meus filhos pra não fumarem nunca, acredito que fui bem sucedida nisso. Mas tenho irmãos e amigos que fumam. Tem gente que fuma, que eu nem conheço de verdade, que eu a-do-ro. Josh Hartnett, por exemplo. Só vejo foto do cara com cigarro na mão. Eu jamais faria esse rapaz sair de um restaurante onde eu estivesse pra ir fumar lá longe, rá! Ao contrário, eu até acenderia o veneninho pra ele, tremendo de emoção.

Ele: Tem fogo?
Eu: Você não faz idéia, honey.

Quando um dos meus irmãos vem aqui em casa, fuma lá fora. Eu nem sequer possuo um cinzeiro, todos sabem disso. O cheiro do cigarro, principalmente depois que já passou, que impregnou roupa, cabelo, sofá, cortina, é um cheiro muito péssimo. De manhã cedo chega a dar náusea.

É aí que entra o fator tolerância. Pra tolerar essas coisas desagradáveis você tem de ter algum interesse no fumante. É assim que nós enquanto seres humanos, funcionamos. Toma lá, dá cá. Se você nunca viu o mala, não foi com a cara dele, ele começa a soltar fumaça nas tuas fuças, qual o grau de tolerância que você possivelmente atinge? Zero. Quer mais é que se exploda. Sai, fedorento! Chaminé! Mata-rato!

Mas -repito- mas, a gente não pode ser assim. Tem de ser tolerante, no mínimo por uma questão de civilidade, princípios cristãos, whatever. Não é bacana ser troglodita numa situação dessas, sair apagando cigarro com um porrete, uma clava. Eu acho que é isso o que os fumantes -unidos ou não- esperam de nós, essa evoluída casta de seres não-fumantes. Eles devem pensar: ahá! são tão evoluídos e não tem tolerância? são uns grossos isso sim. Quem quer isso no curriculum? Eu não.

Bom, mas fora o chororô por tolerância tem a parte engraçada do movimento Fumantes Unidos. Engraçada e ridícula (coisas diferentes, embora você possa achar que são iguais). É a parte em que eles praticamente exigem de nós, não-fumantes, que aturemos a fumação deles e fiquemos comovidos com a situação. Veja lá o que diz essa dona:

"Já havia procurado lugares onde pudesse mostrar minha indignação com o preconceito baseado em um super marketing contra os fumantes. Marketing esse que eu acho baseado em mentiras e mitos inventados".

Okay. Quem financia o marketing contra os fumantes? Não-fumantes xiitas? O que ela acha que é marketing, em primeiro lugar? Quem investiria em marketing pra não se consumir tabaco? O governo faz um mise-en-scène muito sem vergonha, suspirando pela arrecadação tributária. Isso é marketing?

Segundo, que ela acha que é um mito? Existe mito não inventado? Não, sério, acho que a nicotina expandiu alguma zona obscura do cérebro dessa pessoa, liberando idéias rastejantes em estado pré-embrionário em busca de iluminamento filosófico.

"Sou do tempo em que o cigarro não fazia mal".

Isso equivale a dizer: só os ignorantes são felizes e eu era feliz. Agora que descobriram que fumar faz mal, eu não quero nem saber, seus chatos.

"Tive 4 filhos saudáveis e, na época, o médico me dizia que pior para o meu filho seria o stress de parar de fumar durante a gravidez do que o próprio cigarro. Na maternidade tinha cinzeiro na mesinha de cabeceira."

Certo. O médico provavelmente estava cansado e mal pago e queria mais é que a dona e o rebento dela se explodissem. Fuma aí, cretina, e para de me torrar. Cadê o marido dessa mulher, poha? O quê? Saiu pra comprar cigarro? Hmmm, já vi esse filme. Arruma um cinzeirinho aí pra ela. Vai precisar.

"Como pode uma mesma coisa em uma época não ser levada em consideração, e hoje causar câncer num "fumante passivo", como?"

Várias questões numa só.

Primeiro, alguém devia explicar pra ela que uma coisa causar ou não causar câncer não tem nexo de causalidade com o fato de essa coisa não ter sido levada em consideração no passado. Não tem esse como. Ou ela causava ou não causava, independentemente de ter sido levada em consideração ou não. Não é uma vingança da coisa por ter sido ignorada, tipo em Atração Fatal.

Segundo, "fumante passivo" entre aspas significa que o mesmo não é fumante ou não é passivo? Não ficou claro, mas parece que ela disse isso com um certo sarcasmo nem um pouco bacana. Ela está retaliando, zoando com a nossa posição de passividade. É sempre assim. Passivo só toma.

"Me sinto discriminada. As pessoas passam por mim abanando o nariz. Gente, isso é pura lavagem cerebral."

Pura lavagem cerebral. Nem vou entrar no mérito. Me pergunto se ela sabe o que é lavagem cerebral e se existe modalidade pura e impura. Me pergunto se a impura seria menos eficiente, ou mais. Talvez tivesse efeito bleach, com adição de cloro. Isso seria mais puro ou mais impuro em relação à lavagem propriamente dita? Por um lado o cloro purifica... por outro... olha, isso vai longe.

"Pelo amor de Deus, deixe nós, os contaminados, em paz. Os saudáveis já estão com todos os privilégios. Até sua própria saúde. Vão combater a poluição dos carros, camada de ozônio, muito mais nocivas aos sarados do que a nós, pobres fumantes."

Dona, eu tô me segurando pra não chamar a senhora de fiadapu. A senhora escolheu pitar e aí vem com chantagenzinha emocional dizendo que nós, os não-fumantes, temos todos os privilégios? Inclusive a saúde, da qual a senhora abdicou segundo seu livre arbítrio? Dona, a senhora é maléfica, sabia? Contaminada pela cretinice, isso sim.

Combater a camada de ozônio nociva? Dona, a camada de ozônio é a vítima, não é o vilão. Há uma ligeira confusão de sua parte aí. Aliás, seu cigarrinho é nocivo também pra camada, sabia? Meu Jisuis, dona. Apaga esse cigarro e vai se informar.

Muito mais nocivas aos sarados do que a nós fumantes. Sarados enquanto bombados ou sarados enquanto curados? Conheço muito fumante saradão. Por que a poluição seria mais nociva aos sarados? Se você pegar um sarado e um ferrado e os expuser a três dias consecutivos de dióxido de carbono sem parar, isso vai ser pior pro sarado? Certeza? Mas se é o outro que já está com o pé na cova?! Dona, assim não dá pra gente falar a sério. A senhora é muito burra.

"Deixem-nos morrer de frio, fumando, tomando nossa cervejinha do lado de fora."

Tranquilo, eu deixo. Isso é uma tentativa de comover os não-fumantes? Que patética essa cena, o cara segurando uma latinha de Brahma com uma mão e um cigarrinho com outra, enquanto na ponta do seu nariz e de suas orelhas vão se formando estalactites geladas. Mas ele continua, bravamente, não larga a guimba enquanto não queimar o dedo. Isto é, se o frio intenso não apagar o seu cigarro. Cara, hilário.

Aí, como eu disse antes, vai ter de rolar interesse. Por exemplo: eu deixaria a dona do lado de fora. Especialmente por ela ter fumado na prenhitude da vida. Safada, nem nas crias pensou e reclama de não ser tratada com dignidade.

Agora, se é o Josh Hartnett, fumando lá fora, naquela calçada gelada, o vento frio fazendo ele apertar ainda mais aqueles olhinhos abertados que me levam os trocados, ah... Eu chamava ele pra dentro. E já ia oferecendo o whiskinho esquentador. E sabe como é, esperando pelo interlúdio, antes do cigarrinho que fecha o capítulo, eu não fumo.

Bom, minha filosofia é: não importa quanta porcaria você lê, contanto que acabe num pensamento legal. Espero que tenha sido tão legal pra você quanto foi pra mim.

Vai um cigarrinho?

Sexta-feira não tem hora pra acabar

Acaba quando bate o soninho...
Boa noite amor contigo sonharei e a minha dor esquecerei

Olha só que bacana


Desenhos de criança *adoro, supermeigo, tenho miles* viram fotos

Artista: Yeondoo Jung

Born 1969, Jinju, Korea.
Lives and works in Seoul, Korea.
Education
1997 University of London, Goldsmiths College, MFA
1995 London Institute, Central Saint Martin College of Art, Diploma in Sculpture
1994 Seoul National University, College of Fine Arts, BFA- sculpture

Etcetcetc O cara é bom, confira, clique no nome dele, uma foto mais légolas que a outra.

Caiu a ficha

Minhas vizinhas praticam a seguinte filosofia:
a melhor companhia pra uma mulher feia e solitária é um viralata horroroso.
Nhé!

Essa senhora res-peitável

Alô, alô! Aqui quem fala é a República. Como é que tá a fila do mamá?

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Benett: charge demais para esquecer

Olha a frase do Benett. Olha a charge do Benett. Olha que eu dizia sobre cartunistas. Seres adoráveis. Tá vendo? Não é verdade que eu não gosto de nada, eu apenas gosto só do que é bom. Dá licença?

O que vai por aí, na filosófica e percuciente visão dos meus HEROES


Dove Cottage, uma foto que encontrei sobre um velho chalé e pombos e me pareceu o cenário ideal para uma cena de amor urgente, matinal, meio sonhada, meio vivida, meio escondida, de todo jeito impossível

sono de passarinho em meu peito
qualquer pensamento acorda
é só pensar
é só deixar que aconteça
um pensamento só saindo da cabeça
um pensamento mais
como um navio aflito deixa o cais
o pombo (voando) é seu pensamento em mim
(pousado na janela)
eu sei
no meu pensamento me darei feito alimento
pra você voltar amanhã
de manhã

Paulo Vitola
 
Atualização:
Quanto mais eu leio esse poema, mais eu o acho um espetáculo. Meu sono é de passarinho, meu pensamento é sempre um navio aflito, mas eu nunca soube contar, ninguém soube dizer. Até então.
 
As palavras amam o Paulinho Vitola, se entregam a ele, deixam-no fazer com elas o que bem entender.
 

Cartazão

Muito legal. Ganhei um post no blog de um dos meus gênios favoritos, o pensador, sociólogo, professor e cartunista Solda e, como se isso não bastasse pra fazer o meu dia, no mesmo post um supercomment do scriptor, boemista, curitibólogo, publicitário e poeta multimedia Paulo Vitola. Como diria o Francis, waaaalllll. Me senti como aquele artista que sai na Billboard e fica todo prosa, se achando, curtindão.

Merecer não mereço mas, who cares? Deixa eu curtir, tão bom... Brigadinha, mininos. Beijinhus.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Jambalaya, carnaval, New Orleans e coisa e tal

Recebi isso no Mardi Gras. Jambalaya.
Adoro o nome, o gosto, a história, a música.
Little Miss Dynamite, Brenda Lee, aos 9 anos. Lembra? Imortal.


E a letra, que delícia? Tem até pirogue na história.
Mas é canoa em Francês, não o pastel de polaco.
Coisas de cajun [habitante da Acadia, colônia francesa no Canadá nos Eua*, les acadiens,
chamados pelos americanos acadians, cadians, keijuns = cajuns],
de creole, dos "sangue negro-latino-cigano" da Louisiana e Mississipi, onde,
quando pinta um Katrina, fica tudo meio ao Deus dará.

"The bayou" é a baía, o mangue, pra onde a rapeize desce, de canoa,
fazer o fervo, comer jambalaya, essa paella creole/cajun,
torta de lagosta e filé gumbo [tempero com pimenta caiena].
Todo mundo produzido e free demais, o moço pronto pra gastar sua graninha com a moça
["get my mon" pra o que a Yvonne quiser].
Son of a gun we'll have a big fun on the bayou, aí seu filho de uma mãe [de um soldado,
por extensão, de uma mãe solteira] vamos fazer a festa lá no mangue.
Traga a viola, encha a jarra de ponche e trate de se alegrar.
Thibodaux, Fontaineaux, cidades próximas,
place is buzzin, tá chegando gente de toda parte,
kinfolk come to see Yvonne by dozen, meu pessoal vem às dúzias pra ver a Yvonne.

"Ouça" o vídeo -preciosidade, um 78 rotações (?) da Brenda Lee aos 9 anos,
que a gravadora mentia serem 12- e acompanhe a letra toda "errada",
mistura de francês e crioulo caipira, muito legal.

É uma briga pela autoria dessa letra [e outras mais] 
conhecida como sendo do compositor country Hank Williams, que se notabilizou com ela,
mas que misteriosamente rendia uns trocos pro crioulo Moon Mullican rsrs**.


Goodbye Joe me gotta go me oh my oh
Me gotta go pole the pirogue down the bayou
My Yvonne the sweetest one me oh my oh
Son of a gun we'll have big fun on the bayou

Jambalaya, crawfish pie, fillet gumbo
Cause tonight I'm gonna see my "ma cher amie-o"
Pick guitar fill fruit jar and be gay-o
Son of a gun we'll have a big fun on the bayou

Thibodaux Fontaineaux, place is buzzin'
Kinfolk come to see Yvonne by the dozen
Dress in style and go hog wild me oh my oh
Son of a gun we'll have big fun on the bayou

Jambalaya, crawfish pie, fillet gumbo
Cause tonight I'm gonna see my "ma cher amie-o"
Pick guitar fill fruit jar and be gay-o
Son of a gun we'll have a big fun on the bayou 

Settle down far from town get me a pirogue
And I'll catch all the fish in the bayou
Get my mon to get Yvonne what she need-o
Son of a gun we'll have big fun on the bayou

Jambalaya, crawfish pie, fillet gumbo
Cause tonight I'm gonna see my "ma cher amie-o"
Pick guitar fill fruit jar and be gay-o
Son of a gun we'll have a big fun on the bayou

Atualização:
* a esse propósito leia-se a página do doutor Virgilio Freire, muito bem esmiuçadinha pra quem, como eu, não sabe bem o que rolou entre franceses e ingleses por conta daquelas terras lá em cima.
** compositor pobre, artista pobre, é uma paixão à parte. O que "compra" a autoria de sua obra fica famoso e rico. Mas ele, o pobretão, o pai da arte, ele sabe o quanto vale, ele sabe quem é o bom na parada. Ele olha no espelho e diz: eu sei do que sou capaz, eu me garanto. E isso, mon ami, não tem preço.

Boa noite, vou nanar

Postado a 01:30h aaah que soninho gostoso. Tive um dia horrível, acabou. Até amanhã. Beijinhuzzzzz...

Monstros

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Cinderela Belzebu

Uma mulher em cima disso te intimidaria, amigo?
A mim sim, um pouco. Mas trip, gostei.

Dalcio Machado

Cartunista tem esse talento especial que mistura
sacar com desenhar e ser engraçado e contundente,
tudo ao mesmo tempo. É muita coisa.

E quando a gente pensa que já viu de tudo...

Pão-de-mel para o Dia dos Namorados [já era, amiga]. No meu tempo de liceu a gente ganhava caixa de bombom em formato de coração e só por isso já enrubescia. Nossa, acho que foi no período pré-glacial. Como eu sou antiga. Penso que não gostaria de morder essas pessoinhas tão entretidas.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Alguém sabe me dizer?

Após ouvir Chet Baker cantando Like Someone in Love e Bill Evans tocando What is This Thing Called Love?, lembro que ambos, Bill e Chet, amargavam o mesmo e trágico heroin habit.

O Ministério da Saúde podia me informar se heroína faz bem ao talento e à sensibilidade? Ou será possível que muito talento e sensibilidade sejam incompatíveis com a vida rasa?