segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Como desconstruir um mito sem desalinhar o cabelo nem amarrotar o paletó

Windsor ao por-do-sol

Alexandre Soares Silva (se você esteve acampado no Himalaia na última década e ainda não desfrutou o prazer de conhecer) é o irmão gêmeo caçula de Larry David, nascido em Windsor e educado pela Rainha da Inglaterra herself, o qual, de algum modo, acabou dando com os costados por aqui.

Ele é, que eu conheça, quem melhor consegue desmontar uma pessoa, uma idéia, um princípio, quase qualquer coisa que não precise ser tocada pra ser pulverizada, com uma crítica que mistura a mais convincente inocência à mais franca impiedade, sem nenhuma exaltação, o que acaba tornando a coisa simplesmente hilária. Por essas e por outras ele encarna perfeitamente o enfant terrible, com o máximo de sassy e irrepreendido que a idéia possa comportar.

Sua crítica deixa a gente desconfortável, sem jeito mas, por outro lado, não há como rebatê-la e a única saída que nos resta é dar aquele sorrisinho amarelo e perguntar afobada e abafadamente onde foi que esse menino aprendeu isso?

Entre os pobres diabos que caíram em desgraça com ele está o escritor Rubem Fonseca, reverenciado por muitos brasileiros que leem ou acham que leem. Aqui uma amostra do texto que você precisa ler na íntegra. Tudo o que o marvado diz pode ser provado e não sou eu quem vai retrucar. Pelo contrário, assino embaixo assim que parar de rir.

O Rubem
Como Susan Sontag berrou no ouvido de uma fã uma vez: “Não se pode julgar um artista pelos seus piores momentos!”. E antes que os perdigotos da intelectual novaiorquina secassem no rosto da fã, espero que ela já tivesse aprendido a não falar mal de um autor admirado por Susan Sontag.

Mas o que acontece quando cada página que abrimos é o pior momento do autor? Devemos procurar pela sua única frase brilhante, se ela existe, e julgá-lo por ela? Porque passei seis dias abrindo e fechando dez livros de Rubem Fonseca e cada página que eu abria era, por acaso, o pior momento dele.

Sim, não faça essa cara. “O Rubem?” O Rubem. Se você passasse a vida toda ouvindo elogios a Ronaldinho Gaúcho, e cada vez que ligasse a tv o visse tropeçando na bola ou batendo de cara na trave, dentes voando para todos os lados, ia começar a duvidar dos elogios rapidinho.

Ok, pode parecer implicância reclamar de frases como “larguei o telefone desconsolado” [...] essa ambiguidade é permissível, suponho, mas parei o livro para imaginar um telefone com uma carinha desconsolada, e agora o Telefone Desconsolado é um dos personagens da minha vida mental e não posso fazer nada a respeito. [leia tudo]

Só uma coisinha: o Rubem Fonseca não é o Rubem Braga. Não entendeu? Clica neles.

2 comentários:

  1. Agora sim eu gostei, porque nunca fui muito, alias ,nunca fui nada com a cara desse Rubem (o Fonseca) e como adoro meu telefone, odiaria ve-lo desconsolado! Ta quase perdoada, só falta voltar a ser mais Nervosa e menos nostalgica.Salam

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  2. Menos nostálgica... Aí, seu Zulayman marcamos pra amanhã em Paquetá num flamboyant en fleur... *suspiro* Opa, falávamos sobre o que mesmo?

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