quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Eu ajudei a destruir o Rio de Janeiro

É irônico que a classe artística e a categoria dos jornalistas estejam agora na, por assim dizer, vanguarda da atual campanha contra a violência enfrentada pelo Rio de Janeiro. Essa postura é produto do absoluto cinismo de muitas das pessoas e instituições que vemos participando de atos, fazendo declarações e defendendo o fim do poder  paralelo dos chefões do tráfico de drogas.

Quando a cocaína começou a se infiltrar de fato no Rio de Janeiro, lá pelo fim da década de 70, entrou pela porta da frente. Pela classe média, pelas festinhas de embalo da Zona Sul, pelas danceterias, pelos barzinhos de Ipanema e Leblon.  Invadiu e se instalou nas redações de jornais e nas emissoras de TV, sob o silêncio comprometedor de suas chefias e diretorias.

Quanto mais glamuroso o ambiente, quanto mais supostamente intelectualizado o grupo, mais você podia encontrar gente cheirando carreiras e carreiras do pó branco.

Em uma espúria relação de cumplicidade, imprensa e classe artística (que tanto se orgulham de serem, ambas, formadoras de opinião) de fato contribuíram enormemente para que o consumo das drogas, em especial da cocaína, se disseminasse no seio da sociedade carioca - e brasileira, por extensão. Achavam o máximo; era, como se costumava dizer, um barato.

Festa sem cocaína era festa careta. As pessoas curtiam a comodidade proporcionada pelos fornecedores: entregavam a droga em casa, sem a necessidade de inconvenientes viagens ao decaído mundo dos morros, vizinhos aos edifícios ricos do asfalto.

Nem é preciso detalhar como essa simples relação econômica de mercado terminou. Onde há demanda, deve haver a necessária oferta. E assim,  com tanta gente endinheirada disposta a cheirar ou injetar sua dose diária de cocaína, os pés-de-chinelo das favelas viraram barões das drogas.

Há farta literatura mostrando como as conexões dos meliantes rastaqueras, que só fumavam um baseado aqui e acolá, se tornaram senhores de um império, tomaram de assalto a mais linda cidade do país e agora cortam cabeças de quem ousa lhes cruzar o caminho e as exibem em bandejas, certos da impunidade.

Qualquer mentecapto sabe que não pode persistir um sistema jurídico em que é proibida e reprimida a produção e venda da droga, porém seu consumo é, digamos assim, tolerado.

São doentes os que consomem. Não sabem o que fazem. Não têm controle sobre seus atos. Destroem famílias, arrasam lares, destroçam futuros.

Que a mídia, os artistas e os intelectuais que tanto se drogaram nas três últimas décadas venham a público assumir:

  "Eu ajudei a destruir o Rio de Janeiro."

Façam um adesivo e preguem no vidro de seus Audis, BMWs e Mercedes.


Sylvio Guedes, editor-chefe do Jornal de Brasília
Obs: se não for de sua autoria, vale o lembrete. Ou não sabemos dos socialaites que passam da canabis pra cocaine chic, pro crack, pro crystal meth e outras bagaças?

 Imagem: crystal meth, the dance of death

 (via Bia Clasen from Campinas)

6 comentários:

  1. San,eu sei que este não é um blog pra fofocas televisivas,mas ontem,dando uma checada no portal
    UOL,leio uma nota sobre o Fábio Assunção.
    Fui conferir porque everybody knows que o fofo teve problemas sérios com a 'farinha'.
    Vai daí que o moço começa a faltar às gravações do novo folhetim global.E vai ser substituido.
    É a 'mardita' de novo,certamente.
    É do money dessas celebridades que o tráfico vive.Aliás,na Rocinha não houve ocupação.Por que será?
    Ah,é Zona Sul...
    O que se passa pela cabeça de um cara que é bonito,bem sucedido profissionalmente,que já teve mulheres lindas,tem um filho pequeno,juro que não sei.
    Sei que dilemas existenciais todos nós temos em alguma fase da vida,mas acabar com a própria mergulhado no pó,é dose!
    Não,os culpados não são os traficas.Eles são oportunistas,já que os grandes traficantes não são viciados.A grande culpa é da pseudo 'sociedade' que enrola bem o rabinho,senta em cima e vai dar uma de careta.
    A felicidade está ficando famosa pela sua habilidade em se viciar em todo tipo de excesso.

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  2. Well, minha nórdica
    pode fofocar à vontade. Tudumundo gosta de fofoca, já dizia Fróide, meu verdureiro.

    Começa que o galalau tem problema de enruste, na minha imodesta opinião. Odeio isso. Cada um dá o que quer, e quando não dá fica todo errado, enchendo a própria paciência e a dos outros.

    Vai daí, passar a vida inteira posando de galã e desejando fazer o comercial do Shopping Pintos, deve dar uma gastura que só cheirando muita maconha, como diz o Nilson Monteiro (oi, Nirso).

    Pobrema tudo nóis tem, já dizia dona Maria faxineira, mais num precisa despirocá.

    Por falar em despirocação e socialaite, vide Narcisa Tamborindeguy. Essa, com certeza, devia ressarcir os donos de alguns carros incendiados nos últimos dias.

    A felicidade... bem dito, loura.

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  3. Bem punk essa assumição de drogas...seria realmente uma nova época se alguém colocasse um adesivinho desses no carrão! Ainda bem que 40 anos se passaram e novos tempos querem vir! Querem vir que venham! mas que os trafica se matem todos e se encalacrem nos becos sem saída e morram bem morrido.
    Agora, o Assumpción arriba citado, diz que quis sair do folhetim antes de ter uma recaída (eita mundinho artístico descontrol). Será?
    Agora de novo, o que deve ter de gente batendo pandeiro de nervios por causa dessas apreensões em toneladas...tadinhos...que tomem uma vodka com coca-cola...dá barato também e é legalizado.

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  4. Na década de 70 quando a maconha começou, e os artistas de vanguarda, os descolados ( Gil, Bethania, Gal, Caetanos e outros) usavam a dita e se proclamavam modernos. Diziam que não fazia mal dar um tapa na maldita, mas não ficaram nisso passaram para coca, heroína, LSD e outras porcarias. Tinha cara que na falta lambiam sapo venenoso para ter barato. Trabalhei com um cara que toma xarope vick para ter barato. De la prá cá um bando de idiota defende o uso das drogas, não levando em conta que o seu vicio ajuda a financiar o crime e a violência, alguns "famosos" adoram dizer que usam esporadicamente, como se tomar droga fosse uma coisa que não viciasse. Não tenho pena nem suporto papo de viciado, todos sabem o mal que faz, usam pela primeira vez porque querem. Este papo que experimentaram para ver como é que é, não cola. Ninguém coloca a mão no fogo pra ver como é que é se queimar, então pra que se drogar. Usar a depressão, problemas dificuldades como desculpa é tentar justificar o injustificável.

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  5. La Vanu,
    e você acha que alguém vai fazer o mea culpa numa hora dessas?
    Jamé delavi, cherri.
    A Narcisa porque adora ser porraloka, mas é só.

    O big problem do Assunção é que ele gostaria de ter um big problem na vida. Vai à luta, santa. Chega de camuflar.

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  6. Paulo Urbs,

    'Usar a depressão, problemas, dificuldades como desculpa é tentar justificar o injustificável.'
    Concordo.
    Quem quer, faz. Quem não quer, não faz.

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