sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Uma graphic novel sem ilustraçoes, pode?

Inventei uma novelinha, ou melhor, um episódio de uma novelinha, que pode ou não continuar (sabem como eu sou, uma pseudoescritora não confiável relapsa).


Atualização:
All characters and events appearing in this work - even those based on real people - are entirely fictional. Any resemblance to poorly depicted real persons, living or dead, is purely coincidental, especially if the author has been kind enough to provide unauthorized biographical data. © SanComics 2011

In other words: pra evitar que a figura do meu herói seja cafundida com pessoa viva ou morta, estou retirando o nome que figurava aqui ontem. O novo nome do meu herói é baseado num clássico e indefectível tipo que tudumundo, até tu, Brutus, vai sacar. Toma lá:


Dick Jagguar estava em pé, no topo do edifício, como fazia nas noites mais terríveis, quando precisava cozinhar problemas muito árduos. Olhava a cidade com seu olhar de águia. Dali ele imaginava enxergar todos os demônios que dominavam a noite.

Em algum ponto de Darn City, ele sabia, Sugar Doll estaria bancando a boazinha com Badgangsta. Ele a cobria de paparicos. E desta vez eram diamantes. Diamantes sujos de morte, de sangue. Mas esse detalhe não abatia o espírito de Sugar Doll. Ela devia estar admirando, em seu dedo longo e delicado, a pedra rutilante que custara a vida de alguns pobres diabos. Isso, pensaria ela, desenhando um sorriso maligno em sua boca irresistível, era very thrilling.

Uma rajada de vento mais frio despertou Jagguar de seus pensamentos melancólicos. Ele suspirou fundo. Com uma mão levantou a gola do sobretudo até o queixo, enquanto a outra procurava impacientemente por um maço de cigarros amassado no fundo do bolso.


- Danação! exclamou, lembrando que fumara o último antes de subir para o roof.

Teria que descer para comprar um novo maço de Darts. Melhor assim. Seu pensamento iria um pouco pra longe de Sugar Doll. Esse nome significava pra ele, ao mesmo tempo, doçura infinita e veneno letal.

Um arrepio percorreu sua espinha ao pensar em dedos longos e delicados deslizando no suor de suas costas. O maldito diamante, farol distante, enevoado. O barco de sua alma, definitivamente à deriva. Grande tempestade se aproximava. Dor lancinante lhe atravessava o peito.

Lá  em baixo o movimento de automóveis e sons o tomou de assalto. Nas calçadas, casais passavam rápidos, abraçados, sorrindo, trocando beijos ligeiros, despreocupados. Luzes coloridas furavam o denso ar frio. Todos pareciam ter um lugar pra ir, pessoas pra ver, coisas do que rir.

Jagguar sentiu um repentino cansaço. A idade começava a pesar. Aquela dor em seu peito era conhecida: solidão.


(imagem: RPF)

6 comentários:

  1. Eu que sou fã do Raymond Chandler kurti, mas acho que PAPARICOS é coisa da vó Candia... será?

    JOPZ

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  2. Jopz,
    isso pq eu não figuro entre os privilegiados que traduziram Chandler. Caso contrário essa palavrinha faria parte do vocabulário de Philip Marlowe. Não esqueça que o tough guy era, no fundo, um sentimental.

    E, sim, paparicos é meio Vó Canda. Coisa que eu, sentimentalmente, adoro.

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  3. Por alguns centésimos de segundos pensei tratar-se do Meu Chapéu... mutcho bom, San

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  4. Oie, queridaum!

    Long time no read. Tudo na santa?
    Bom que vc veio, bom que gostou.
    Vou te visitar lá no Chapéu, daqui a pouco.
    Abrakozzz

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  5. San: comentei aqui por duas vezes e sumiu. Ou eu fiz caca ou a web pirou!
    Eu disse e repito: não ouse parar agora!

    Beco

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  6. Beco, Beco, Beco, Beco...

    Beco Prado, você é um ♥ amorzinho ♥
    Obrigada pela força.
    Vindo de um artista como você, fico toda prosa, hehe.
    Bjaum

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