quinta-feira, 6 de maio de 2010

Qual é o seu sonho?

Um dia, há muito tempo atrás, vi essa imagem e pensei: se Marilyn usasse burka...

Não sei se efeito das Mil e Uma Noites mas, eu sempre imagino as princesas árabes umas mulheres lindonas, sedutoras, aqueles olhões maquiados, a pele lisona de tanto azeite de oliva, aquela fogosidade, a dança dos Sete Véus, Ventre, Moedas, sei lá, ao som de atabaques e sininhos (eu gosto), entre narguilés e cortinas finas multicoloridas (e quibes fritos e vodka, já que eu não gosto de arak e meu quibe favorito é o frito e eu não tenho grande interesse em princesas, sorry). Quanto a você, amigo, imagine como quiser, eu só postei a imagem. Imagine a Princesa Aisha chegando ao seu ouvido, toda pressurosa e cheirando a, let's say, almíscar (bem leve) e sussurrando:

- Habibi, aayouni, esbera brinzêza en abosentos gue brinzêza vai vazê danza de sête vêus bara aayouni.

Legal?
Qual é o seu sonho? O meu foi por uns tempos aquele tuaregue magricela e escuro, de olhos verdes (a melhor cor de olhos já inventada), que tão feliz fez a americana raptada, no maravilhoso O Céu que nos Protege, do Bertolucci. Mas ali era mais a influência daquele desertão alucinante, as cores do céu, os movimentos de luz e dunas, a poesia potencial de cada imagem. No fundo, no fundo mesmo, eu sou uma intelectualóide. Sou movida a inteligência brilhante, it's never just about sex. Portanto o tuaregue não ia durar muito, devia ser totalmente não brilhante.

6 comentários:

  1. Adorável Nervosa-San:

    devolvo-lhe aqui sua mui bela cria,
    devidamente tosada da pelugem estrangeira.

    À(ao)s leitora(e)s da postagem, digamos que, num passe de mágica, ergue-se a burka de Marilyn e eis que surge (tchan-tchan-tchan-tchan:)

    PANGUR BÁN

    Eu e Pangur Ban meu gato
    Temos cá o nosso trato
    Caçar ratos ele quer
    E eu gasto a noite a ler

    Melhor que ser afamado
    É o simples ler, escrever
    Pangur nunca me incomoda
    Simples também ele é

    É tão bom de a gente olhar
    Um e outro a trabalhar
    Quando em casa bem ficamos
    Cada um com o seu plano

    Muita vez algum ratinho
    Cruza do herói o caminho
    Muita vez alguma idéia
    Se enreda em minha teia

    Contra a parede ele testa
    O seu olhar afiado
    Contra a parede se encolhe
    O meu saber, se testado

    Quando um ratinho se arrisca
    É quando Pangur petisca
    Quando uma idéia eu desvendo
    É quando então me contento

    Assim, na paz, nós levamos
    Pangur Ban meu gato e eu
    O ofício que gostamos
    Ele o dele, eu o meu

    Praticando todo dia
    Ele é bom no que queria
    E eu acendo, noite e dia
    A luz da sabedoria

    [poema original de um monge irlandês do século IX]
    Versão portuguesa (infinitamente melhor que dobrada à moda do porto fria:)

    De e para Nervosa-San,
    que criou mais um Pangur Ban,
    com os cumprimentos afetuosos do Ivan.

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  2. Hahaha. Pois então, o Ivan postou esse poema Pangur Ban (que é o nome de um gato) no blog dele, traduzido do Gaélico para o Inglês e deste para o Português, e aí então pelo Ivan. E eu fui lá e fiz minha versão, pandeguice igual que eu fiz no blog do Beco Prado com o poema do Ungaretti.
    E o Ivan me trouxe de volta minha criazinha. Não gostou dela, Ivan?

    Foi bem divertido. Seu blog é muito massa, nossa. Vão lá, pessoas: Ivan Justen, próxima coluna à sua direita, a ticket to ride for free.

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  3. Uau, essa brincadeira está passando de boa a muito melhor.
    Fui, vi e comentei.
    Qualquer dia desses, prometo, faremos uma renga de traduções, aqui mesmo, com reflexos nos blogs.
    genial. Só aquela de entrar de "gaiata" em poema de gato já valeu...

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  4. Oie, Beco
    que bom que você veio, eu estava aqui tão solita, obrigada.
    Bacana, a brincadeira, né? Precisamos estendê-la a outros blogs, tem muita gente boa enrustida por aí.
    Essas quadrinhas sobre o Gato Branco foram muito boas de fazer. Enquanto brincava com elas lavei todos os cobertores da casa, para aproveitar o sol de hoje. Nem vi o trabalho rolar, e olha que o varal de roupas arrebentou e derrubou tudo pelo gramado. Eu nem tchum. Estava de excelente humor com o Pangur, haha.

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  5. Pois então permita-me dizer, San: tua tradução me trouxe de volta ao planeta terra: devo admitir que quando fiz a "minha" versão, andava a sonhar com um planeta hipotético - mas penso que agora voltei levemente à realidade: de qualquer modo, a noite voltou a me convidar ao desconhecido, e portanto este comentário vai ficar pendurado - de qualquer modo, trouxe-lha de volta porque a amei: e ela merece os cuidados de mamã...

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  6. Oie, Ivan
    eu estava aqui pendurada ao telefone com o Paulo Vitola, que acabou de chegar do Work Chopp. Estávamos falando sobre O Céu que nos Protege, a gente viajou adoidado, nossos papos ficam quilométricos, maravilha. E eu zanzando aqui pelo blog mas este seu comment ainda não tinha pintado por aqui.

    Olha, você é ótimo e eu fico muito embevecida que minhas quadrinhas tenham lhe agradado, surgiram assim, como se eu tivesse espantado um bando de borboletas, apenas saíram levinhas da toca voando por aí.
    Mas é que meu estilo em geral é esse, lúdico mesmo, eu não consigo ficar muito séria e quando fico me detesto. Sou uma pândega, é o que sempre digo.
    Mas quem sabe um dia amadureço?
    Parabéns pelo seu blog. Tem muita coisa boa por toda parte. Fiquei fã.
    Beijo

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