quarta-feira, 5 de maio de 2010

Um inédito de Paulo Vitola, o segundo de uma série que batizo Nova

Ah, meu Deus! Olha o que é esse soneto, olha a construção, a musicalidade, o passeio de balão sobre eras e eras de poesia, olha a fluidez, a paulovitolidade desse soneto, que navega leve entre correntes de habilidade e sensibilidade, erudição e espontaneidade, maturidade e rejuventude, aquela mal adivinhada por Ponce.   
Não sou uma comentadora técnica, bem se vê, mas sou uma ledora razoável e olha, estou impressionada com esse poema. Surgiu de duas conversas, uma sobre a menina a olhar a poeira suspensa nos raios de sol, nas tardes em que ela entrava no seu mundo particular pelas portas da Catedral Metropolitana de Curitiba, e outra sobre se é possível medir-se a capacidade de amar entre duas pessoas. 
Deu nisso. Minha desmedida admiração, Poeta.

 Soneto do Amor Desmedido

Amar se ama, não se sabe quanto,
No entanto dizes que me amas mais.
Se quanto mais, pergunto, dizes tanto.
Se quanto é tanto, dizes tanto faz,

Desde que seja mais do que me amas,
Do que eu desejo ou do que sou capaz.
Ouvindo a tua voz ardida em chamas,
Enquanto a luz do sol vara os vitrais,

Eu leio na poeira amores idos
Há muito tempo, milênios atrás.
Mas quando um dia foram bem vividos,

Para um te amo, havia um te amo mais.
Amores bons assim são desmedidos,
Cabem nem mesmo em dez mil catedrais.

8 comentários:

  1. Se eu fosse o Lee Swain, diria que tiro meu chapéu. Mas como já não tenho mais chapéu (o meu tá tão gasto que preciso de um novo, e, novo parêntese, estou aceitando presentes do gênero, a quem interessar possa, fecha parêntese), e como sou muito menos comentador técnico que você, San, posto aqui, em ressonância, minha humilde admiração: ao poeta Vitola!

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  2. Louie,
    que bom lê-lo de novo! Você sabe o quanto prezo sua opinião de artista e ser humano sensível e plugadão.
    Não me ofereço para repor o seu chapéu, que sei vindo d'além-mar, de algum lugar romântico da bella Italia, pois não tenho um à altura.
    Fico superfeliz que você partilhe comigo dessa admiração pelo poema do Vitola, posto que é uma obra digna de admiração.
    Thanx, sweetheart, very much.

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  3. San, nem tão artista nem tão plugadão, but superfeliz tão bem...

    LAV

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  4. How nice! I'm happy for you, dearest. Good thing.

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  5. Ai meu Deus digo eu que sou desmedidamente apaixonada por esse tipo de construção poética,
    esse Vitola heim, vou conhecer...

    acho mais fácil transformar sentimentos em palavras que comentar,

    bisous ~

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  6. Oi, Ester,
    imaginei que você iria mesmo gostar. Lindo, não? Sim, conheça o Vitola, você vai adorar, tenho certeza. O Solda posta diariamente poemas dele, link à direita, Cartunista Solda. Eu mesma às vezes contrabandeio do Solda para cá. Bisous ;)

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  7. Esse Homem...Que que dá prá dizer, além de TUDOOOOOOOO.....

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  8. Pois é. Eu nem sei mais. Além de todo o talento, ainda uma queridice sem fim.
    Blessed, é isso.

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