terça-feira, 6 de julho de 2010

6 de julho. Frida Kahlo

Não gosto do culto à tristeza e ou amargura. Levo à sério, mas não cultuo esses sentimentos, por desgastante e inútil que acho. Odeio a inutilidade. Sou pessimista até os ossos, mas não cultuo o lado negro de coisa nenhuma. São coisas diferentes, o pessimismo e a amargura. O pessimismo é um lastro para a realidade. A amargura não serve pra nada.

Não gosto do mundo, da vida ou das pessoas em geral, mas sou bem alegrinha na minha não-gostação dessas coisas. Acho mesmo que tenho grande prazer em não gostar do que considero desprezível.

Por isso sempre me causou muita aflição ler sobre Frida Kahlo. Uma vida não apenas cheia de sofrimento legítimo, mas também cheia de negação. No final da história sempre acabo pensando que uma boa pinça teria resolvido grande parte da amargura de sua vida. Sem brincadeira. Arrisco pensar que no fundo ela sentia um certo gosto por detestar sua aparência. Impossível que não pudesse ter modificado pra melhor o seu rosto, por exemplo, nos detalhes que a incomodavam.

Mas enfim, é fácil julgar, não é o que eu pretendo. Apenas, e acho que isso resume meu pensamento sobre o assunto, adorei encontrar essa photô da Frida, num momento que sugere tranquilidade e mostra a suave beleza de seus peitos. Ver essa imagem ao espelho deve tê-la compensado por uns momentos de tudo o que a afligia constantemente.

E por ser bela e serena a imagem, de alguém que contestava em si mesma essas duas qualidades, é essa a imagem que eu posto aqui hoje, para lembrar a alma da artista, desassossegada além do preciso, talvez.

Bonita imagem, não? E não é a Salma Hayek.

4 comentários:

  1. Belo post San,
    Melhor ainda lê-lo na companhia sonora do Singers Unlimited (agora está rolando "The Gentle Rain", suave como terciopelo rss)
    Beijão
    Rick's (café etc.)

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  2. Soft as velvet, Ricky dear?
    Só você mesmo pra pensar numa coisa assim. By the way, velvet is some word, isn't it? Haha
    Love your brightness, Ricky, your tenderness, your excellent musical taste.
    Don't be a stranger, miss you too much.

    Bjaum também (San, etc)

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  3. Ela e o "Dieguito" (Rivera) figuras-vidas suis generis. E, sim, era bonitona a Dona Frida!

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  4. Frida teve poliomelite aos seis anos de idade, por isso uma de suas pernas era muitíssimo mais fina que a outra. Durante sua infância era chamada de Frida 'pata de palo' que quer dizer perna de pau. Aos dezessete anos ela sofreu um acidente de ônibus, onde teve seu corpo atravessado por uma barra de ferro. Ela não tinha problemas com sua aparência, e sim com a dor que sentiu a maior parte de sua vida: sua doença, seu acidente e a infidelidade do marido (retribuída por ela), mas principalmente o fato de não poder ter filhos. Não acho que uma pessoa que não gosta de sua aparência se sentiria tão à vontade pintando auto-retratos. A sombracelha grossa e o buço não eram os maiores problemas de Frida.
    Um abraço.

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