terça-feira, 7 de agosto de 2012

Out of Africa - declaração de amor

Me veio vontade de falar sobre isso: adoro a África.

Adoro os bichos da África, as gentes pretas da África, seus vestidos, seu jeito de viver a vida com a quieta nonchalance dos bichos da África. Amo a África, tenho um je ne sais quoi com aquela terra (eu que tenho, repare). Adoraria ir lá um dia, ver alguns bichos no seu lugar, sem ser no (argh!) zoo ou no (duplo argh!) circo. Não gosto de bicho em zoo e odeio bicho amestrado de circo, a não ser que seja pulga.

Na África, a coisa é outra. Os bichos estão lá porque deviam estar e pronto. Isso se a putada não caçasse eles aos montes, pra mandar pra zoos e circos fedorentos around the f-world.

Morro quando vejo documentários e reportagens mostrando bichos se consumindo de tristeza e doença e depressão, nesses lugares nojentos que o povo paga pra ver. Se eu mandasse no mundo, acabava com zoo e circo e aquário e gaiola e todas as prisões de bicho que o homem inventou.

Vi um documentário da BBC sobre umas ilhas, cujo nome não vou lembrar agora porque estou com o meu Alemão cíclico, mas sei que são ilhas bem famosas e todo mundo conhece.

Os caras mostraram o fundo do mar, naquele espetáculo de cores e formas as mais magníficas que se possa imaginar e, depois, eu assombrada com toda aquela lindura, eles mostraram as muitas espécies no limiar da extinção, caçadas e levadas para os Sea World da vida. Olha que nojo!

Por mim ninguém visse bicho preso em lugar nenhum. Que morresse todo mundo sem ver bicho tirado do seu lugar. Ver pra se divertir, pra matar a curisidade à custa da vida do bicho? Vão se danar. Vejam filme, feito por quem não cace, não mate. Tipo, da turma do Jacques Cousteau, do NatGeo.

Então, eu dizia, adoro os bichos da África. Os grandes e os pequenos, os ferozes e os engraçados, todos são bons. Zebras, girafas, rinos, elefantes e tal. Até o nome do elefante é chocante: Loxodonta africanus. Hein?


Uma imagem vele mais que mil palavras: 
o bonitão (esq) é o africano, o cabeção (dir) é o asiático.
Mas, tadinho, eu gosto dos dois.

Okay, tem o Elephas maximus (diferenças aqui) mas eu não tenho a mínima vontade de ir à Índia. Não sou espiritual. Não sou encantada por pobreza extrema e olho fundo e não-sei-que-coisa muito rico vai procurar na Índia. Tipo, encontrar o seu eu. Eu, hein? Conhece algum pobre que vai procurar o seu eu na Índia? Neca. Eu só conheço gente da grana. Por que será que rico acha que o eu dele está perdido no meio dos pobres? Muita sacanagem.

Eu, se tivesse um dia que encontrar o meu eu, não ia ser naquela bagunça que é a Índia. Lá mesmo é que eu ia perder o meu eu de vez, naquele trânsito insano, naquele miserê, naquela confusão. No offense. Desculpa aí, Gandhi. Respeito, mas cada um no seu quadrado, com a sua vaca.

Voltando à outra vaca (a fria) madrugada dessas vi o filme Yesterday, do louríssimo diretor sul-africano Darrell Roodt, com a excelente atriz zulu Leleti Khumalo, ambos conhecidos por trabalhos como Sarafina! e Hotel Rwanda.

Yesterday e sua filha Beauty.
Interessante o porquê do nome da mãe.

O filme (além do tema central, esposa infectada com o HIV) retrata o espírito encantador de Yesterday, na sua doce simplicidade, na inteligência emocional capaz de superar os egoísticos sentimentos humanos, no domínio da vida, limitada ao mais básico e objetivo. O ritmo é lento, como a vida retratada, perfeito.

A resiliência dos africanos - num contexto mais abrangente, considerando-se seu desenvolvimento político, clima e fauna implacáveis - a sua alegre gratidão diante da sobrevivência, do mais trivial conforto que a vida possa oferecer, são, para esta fraca e superficial pessoa que vos tecla, características admiráveis.

Ora direis, o que você conhece desse povo, desse país, dessa cultura (se é que se pode referir a ela assim, no singular)? E eu vos responderei: genuinamente? Nada. Mas a ideia que faço deles, em seu portentoso conjunto, é de que são fascinantes.

O título deste post refere-se, obviamente, ao filme de Sydney Pollack, baseado no romance da dinamarquesa Karen Christence, baronesa de Blixen-Finecke, aka Isak Dinesen. Por causa desse romance eu comprei todos os demais da mesma autora. Pergunta se eu consegui ler os ditos?

O que me atraiu nela foi, sem dúvida, a paixão que mostrou pela África, no romance que virou filme. Vi zil vezes. E mais um montão de filmes africanos. E a deliciosa série The No. 1 Ladies' Detective Agency. E, é claro, Os Deuses Devem Estar Loucos, que me faz rir toda vez de novo.

Adoro a África, eis tudo. Tenho um sentimento nostálgico e carinhoso por essa terra que desconheço.

Quando eu finalmente morrer, espero que meu espírito possa flanar livre e deliciosamente sobre as savanas e desertos da África. Muito melhor do que o paraíso convencional, acho eu.

Mulher da tribo tuaregue. 
Lindos os tuaregues, olhos claros, pele escura. 

3 comentários:

  1. SIPZ, a Africa tem uma riqueza natural incomparável, também gostaria de visitar e ver os bichos no seu habitat...

    Quanto aos elefantes, sou super fã, tenho até uma tag para eles no blog-cemitério, confira nesse link...

    http://b1brasil.blogspot.com.br/search/label/Elefantes

    E quanto aos filmes que vc citou, ENTRE DOIS AMORES é TOP 10... kurti muito OS DEUSES DEVEM ESTAR LOUCOS, realmente divertido. Pra quem gosta de comédia romântica e elefantinhos eu recomendo HATARI, das antigas com o John Wayne... vi um chamado AFRICA DOS MEUS SONHOS com a loiríssima Kim Basinger,mas não kurti muito. TSOTSI é muito deprê. UMA AVENTURA NA AFRICA é muito antigo e não suporto aquele Bogart. Diamante de sangue é bom, a dupla DiCaprio e Conelly é uma combinação duka.

    SIPZ, lugar de bicho é na natureza!

    JOPZ

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    1. É engraçado, pra falar em filme africano em geral a gente tem que falar sobre filme que a branquelada escreveu, dirigiu e produziu, usando temas, locações e atores africanos.

      The way it is. Mas alguns branquelos, como a Karen Blixen, o Darrell Roodt, o Alexander McCall Smith, parecem ter um verdadeiro amor pela África, que demonstram através da sua obra. Aí vale. Talvez porque, no caso dos dois últimos, tenham nascido em solo africano.

      Agora, filme de aventura ou marmelada romântica (especialidade da Basinger), só por ser rodado na África, isso não me atrai. O que me atrai é a gente, os bichos, a vida da África. Por isso vi muitos filmes que ninguém nunca ouviu falar (nem eu lembro dos nomes), produções alternativas, budget perto de zero, lentas, não-espetaculares, com atores africanos desconhecidos, mas que pra mim, falaram ao coração.

      Como diria o Caê, "E eu a me perguntar: eu sô neguinha?" =)

      By the way, super curto o Bogart, detesto o John Wayne =(

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  2. Muito bom ler seu olhar sobre a África. Quanto as produções alternativas, passa dicas depois, gosto de explorar. Sobre a Índia, você descreveu com louvor o que eu penso a respeito!

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