sábado, 7 de julho de 2012

Oi, caras. Tudo?

Sumi, né?
Mas tipo, sumi até do meu mundo, meus. Sumi geral.
Andei em dois psiquiatras e uma psicóloga, tentando arrumar a minha cuca.
Tem coisa que nao arruma, nao adianta.
Mas acho que eu dei um jeito na nhaca.
Pelo menos nao to mais querendo morrer, já é um avanço.
E também já nao to mais naquela da Maysa:

Meu mundo caiu e me fez pensar assim...

Nada ou ninguém merece mais do que algumas intermináveis horas de sofrimento.
Por duas simples e boas razoes: 

1. nada te garante que haverá uma retribuiçao desse sofrimento, ele pode ser completamente inútil.
2. com o tempo, nem você mais enxerga a razao desse sofrimento. Entao, pra quê? Toca-lhe o fuck-se.

Olha só essa historinha singela:
Tenho uma amiga que há muitos anos se separou de um marido pelo qual ela nutria a maior paixao. Mas paixao, sabe o que é isso? Braba, pra valer. Era Deus no céu e o maridao na terra.

Entao. Separou. Nem eu acreditava. Achava que ela ia pirar.

Ela ficou na dela, morrendo pelos cantos. 
Emagreceu tudo o que podia, chorou tudo o que podia. 
Só nao bebeu tudo o que podia porque nao era de beber. Pior pra ela, nem com isso podia contar. 

Nao fez escândalo, nao se matou, nao matou ninguém.
Nem mesmo quando soube que o ex tinha ido em ridícula lua-de-mel pra Europa, com uma sirigaita que conheceu na naite e acabou casando em poucos meses.

Parrebentá, né?

E ela na dela. Curtiu o fel em silêncio, sem dar um pio, sem perder a classe, roendo o sofrimento quietinha, com a maior cara de paisagem, anos e anos a fio.

Nunca mais namorou, nao se enrabichou com ninguém, morreu pro mundo.

Candidatos nao faltaram, pra tirá-la da solidão. Ela descartava todos, sistematicamente.

Um desperdício, diziam os conhecidos. Mulher bonita, bacana, interessante, blablá. Nada.

Quando é agora, dia desses, ela me liga pra botar em dia as novidades. 

Conta que o ex-maridao pintou na casa dela. Velhote, barrigudinho, calvo, cara de cachorro triste.

- Nossa, Fulana - diz ele - como você está lindona! Qual é o segredo?

Ela dá uma risadinha, nao responde nada. 

Ele se acomoda no sofá, pede uma dose de vodka, que vira muitas doses, e deita contaçao de miséria. De como a vida é triste, arrependimento, que só fez besteira, hoje ele via tudo.

Ela, ficha, só ouvindo. E olhando a figura, totalmente insignificante, patética até.

Lá pelas tantas o indivíduo se dirige ao filho - que se encontra na mesma sala, a ouvir o nhém nhém nhém do pai - e declara:

- Meu filho, esta mulher - e aponta pra mae do rapaz - foi o amor da minha vida!

O filho dá uma risadinha blasé. Balança a cabeça como quem diz que entende. O cara continua:

- Essa mulher é tudo o que uma mulher pode ser de bom, meu filho. Orgulhe-se da sua mae. Mulher de fibra, bonita, inteligente. Tesao de mulher. Nunca conheci outra igual, nem antes, nem depois dela. Nao existe, meu filho.

O filho continua balançando a cabeça, devagar, demonstrando um ânimo tipo, "ih, o velho tá de cara cheia".

E o lero continua, arrancando suspiros entediados da plateia, até que o ex-maridao se enche de audácia e larga pra ex-mulher a pergunta que nao quer calar:

- Você nao voltava comigo? Pelo nosso amor? Voltava?

Nesse ponto da narrativa, eu de queixo caído e orelha em pé, minha amiga adiciona seu comentário, que foi bem assim:

- Eu olhei aquele velhote embriagado no sofá da minha sala. Tirei uma linha da cara de cachorro triste dele, da pancinha, do pouco cabelo. Comparei com a lembrança dos nossos bons tempos, em que ele era malhadao, tinha um cabelao lindo, era o terror da mulherada. Lembrei da paixao que eu sentia por ele. Eu preferia morrer do que viver sem ele. Lembrei de tudo o que passamos. Paixao a gente teve, nao nego. Ele me amou demais. A gente se amou furiosamente. Mas a nossa vida era um inferno. Mesmo assim, quando a gente se separou, o mundo acabou pra mim.

- Eu sei  - concordei - lembro muito bem disso. Pensei que você ia definhar até morrer, sua louca. Todo mundo pensou.

- Pois entao - disse ela. Eu também. Só Deus sabe o quanto eu chorei, o desespero que eu amarguei, a dor que eu curti sozinha, por tanto tempo. Até respirar, doía como se eu tivesse pneumonia dupla. Aí olhei pra aquele velhote bebum no meu sofá, e pensei: você nao significa nada pra mim. Nada. Que horror, isso! Devia ter sobrado alguma coisa daquele amor todo, daquela paixao tórrida, daqueles dias de trovao. Mas, nada! Você pra mim nao passa de um homem envelhecido, desiludido, enfeiado, sem nenhum glamour, sem nenhum atrativo, sem bosta nenhuma que me interesse. Nao tenho vontade nem mesmo de te dar um abraço, em memória da nossa história juntos. Nada. Você está me dando uma exata demonstraçao do que é um zero total. Você é um zero aqui na minha frente. Menos que isso. Um nada, sem forma, sem significado relativo. É como se você nem estivesse aqui.  A nao ser pelo fato de estar falando idiotices e acabando com a minha vodkazinha.

E diante dessas palavras eu, que conheci de perto a história deles, me pus totalmente perplexa. E totalmente cheguei à conclusao de que o sofrimento que a gente passa é o inferno que a gente se impoe. É assim que o inferno existe e subsiste, pela nossa própria imposiçao. Como é que a gente chega nisso? Nao sei. Só sei que chega.

Deve ser o Diabo que faz isso na cabeça da gente. É honestamente o que eu acho. Porque eu acredito em Deus e no Diabo. Quem nao acredita, nao sei o que pensa disso. Eu penso assim.

E posso dizer que o Diabo passou muitas e muitas horas comigo nos últimos dias, nas últimas semanas. Agora, acho, ele deu uma cansada, está meio que tirando o time.

PQP, o que esse cramunhao maldito me fez gastar com psicoterapia em poucos dias... Uma baba. Filho de uma mae. Agora chega. Vade retro, coisa ruim.

Dia há de chegar - e Deus é grande, esse dia há de chegar - em que eu, talqualmente minha amiga, vou olhar pra trás e dizer: mas menino, você acredita que eu chorei, desesperei, surtei, despiroquei por causa disso, disso e daquilo? Onde é que eu estava com a cabeça?

E eu mesma responderei: no Diabo. 

Graças a Deus, esse inferno passou. Se nao totalmente, está passando.


 Verdadeira queda de braço, meu. 
Jesus, me abane.

4 comentários:

  1. Interessante a historia da sua amiga...

    Legal saber que está melhor...

    GO SAN!

    JOPZ

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  2. Amiga as vezes o que a primeira vista nos parece o fim do mundo, na verdade e a oportunidade de mudarmos, que bom ve-la reagindo , é isto aí dê um chute no traseiro do tinhoso e bola prá frente, porque voce e maior que qualquer coisa que possa te chatear.

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  3. Yeah, life sometimes stinks, but IMHO, it's still worthwhile.
    Welcome back! Keep in touch.
    CL ;)

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    1. I envy you. I wish I could share YHO =I
      Thanx for your support, dear.

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