O gato Pat

O Pat pede agrado. Igualzinho o Gatinho, o meu gatinho que sumiu.

Ai que saudade do Gatinho. Toda vez que escuto gritaria de gato brigando lá fora, acho que é o Gatinho que estava voltando pra casa e um gato mau atacou ele. Paro tudo que estou fazendo e fico tipo congelada, imaginando a briga, com pena se o Gatinho estiver apanhando.

Sempre penso que se eu saísse lá fora, que tanto pode ser no jardim do prédio, quanto na calçada ou na rua, eu podia encontrar o Gatinho e trazer ele de volta pra casa.

Eu ia olhar pra ele e dizer "Gatinho! É você, quilido? Onde que você andou até hoje, seu danadinho?" E ele ia sorrir pra mim, que nem o cachorro do Roberto Carlos, e eu ia pegar ele no colo e agradar muito e trazer ele de volta pra casa e deixar ele fazer coisas que eu nunca deixei, como por exemplo, dormir na minha cama, só de peninha, e de agradecimento por ele ter voltado.

Mas enquanto eu penso tudo isso meus olhos procuram um relógio e descobrem que são altas horas da madrugada, e que, com certeza, não é o Gatinho brigando lá fora. E que até eu tirar a camisola e me vestir decentemente pra sair pra rua, a briga já terá acabado. E que, se eu tentar sair depressa, de camisola e tudo, meu teen vai dizer de novo "Mãe, você ficou muito fora da real com esse gato. Pare! Você sabe que não é ele. Não vá dar uma de louca e sair a essa hora da madrugada, de camisola, pela rua!

E eu acho que o meu teen pode ter razão. Mas mais que isso, não quero ir lá fora e me decepcionar de novo. Porque eu já fiz dessa, até com chuva, e... não era o Gatinho.

Então eu não faço nada, só suspiro e sinto uma tristeza enorme no coração, e não vou lá fora mas digo pro meu teen: toda vez que escuto essas brigas de gato, acho que é o Gatinho. E o meu teen responde, bem baixinho, pra eu não ouvir: "Eu também..."