quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Parabéns a Luiz Geraldo Mazza



Atualização
Arriba: belezura de charge do Solda nossa vida. Abajo: belezura de texto do meu arquiamigo Nêgo Pessôa - que a estas horas já deve estar a caminho da festa, na Sociedade Garibaldi - homenageando o Mazzinha:

"Perdi a conta dos anos que conheço Luiz Geraldo Mazza, Mazza simplesmente, o inconfundível, primeiro, único e último, claro. O encontro foi na boca maldita. E nem poderia ser diferente – inimaginável nos inflamáveis ou na confeitaria das famílias.

Mazza não é homem de bar, não é homem de lar, não é homem de café, confeitaria, sorveteria, padaria, mas é de muita companhia.

Há vários Mazzas, o da rádio, o do jornal, o da tv, o da cátedra, o da academia que não freqüenta, todos bons, todos úteis, todos admiráveis.

Sua voz nublada pela renitente renite é grave, bonita, encanta legiões de ouvintes na CBN. Seu texto, riquíssimo, variado, corajoso, personalíssimo, é leitura obrigatória de gerações na FOLHA DE LONDRINA. O conferencista, pois palestrante é a PQP, seduz as platéias com enfiadas de provocações.

Mas o meu Mazza, o meu tipo inesquecível é o Mazza da rua. Mazza é homem de rua. Da rua, das ruas, públicas, abertas, democráticas, liberais, promíscuas. É o cara da ágora, é o homem do agora.

Na rua exerce seu ofício, oficia, doutrina, discute, expõe, desmonta, perora, polemiza, problematiza, questiona, põe em xeque, derruba, edifica, santifica, desmistifica, idólatra&iconoclasta. É todo um exército. Que não teme o papel do dr. Stockman, admirável personagem de Ibsen, O INIMIGO DO POVO.

Menino, eu vi, ninguém me contou. Eu vi o Mazza na frente do finado cine Ópera a discutir com legiões de fãzocas do Garrincha! E sustentar:

- Garrincha é falso craque; só tem uma jogada, só sabe fazer uma coisa, aquele drible, ir ao fundo, cruzar. Craque é o Ademir da Guia. Que joga de pé, de cabeça levantada, não erra passe nem suja o cadarço da chuteira nas epopéias sob chuva e barro.

E depois de curta pausa completou:

- E tem mais essa! Não torço pro Palmeiras! Meu time é o São Paulo.

A pensar um pouco a ficha cai: talvez o modelo inconsciente do Mazza seja Sócrates, o filósofo não o magrão boboca. Como Sócrates, é a antítese sem síntese. Que rejeita medularmente, pois não resiste à tentação de falseá-la, apontar seus furos, pô-la contra a parede, denunciá-la. E de embasbacar o interlocutor, os interlocutores, as platéias.

O papel de Sócrates exige três qualidades: coragem, inteligência, memória. Aos 80 anos Mazza tem memória fiel e com elefantíase, inteligência desnorteante, pronta, relâmpago, coragem do primeiro homem que comeu a primeira ostra.

Ah! Tem humor. Bom humor. Ri e faz rir. Não é chato, nunca é chato, tedioso, previsível. Ao contrário, é mais estimulante que o Vinho Reconstituinte Silva Araújo, VRSA! Vitalidade. Resistência. Saúde. Alegria.

Mazza não precisa ser tombado, pois há muito é patrimônio público, do público. Ou há algo mais público que a rua? A nossa ágora?

Aos 80 anos o nosso Sócrates não será punido com cicuta, mas homenageado com champagne; ele não perverteu a juventude, a estimulou a resistir, a se opor criticamente às falsas verdades, às verdades parciais, às mentiras e mistificações públicas&privadas. É um educador."

2 comentários:

  1. Ôrra mêo... só espero que o Mazza não tenha fobia de altura, porque tu botou o cara nas nuvens. Parabéns pra ele, que não tive o prazer de conhecer como se deve.

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  2. Lee,
    não eu, mas o meu arquiamigo Nêgo Pessôa, grande escriba (e fariseu, segundo ele mesmo), assina o texto incensador do Mazzinha.

    Ontem rolou a festa dos oitentinha do Mazza. Paulo Vitola, meu ilustre chefe, venceu o cansaço presidencial e marcou presença até altas horas lá na 'Sociadade Agarraosbalde' ;)

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