Mas sou apaixonada também, há muito, pelo João Bosco e pelo Ahmad Jamal. Apaixonada mesmo, poderia me casar com um deles. Ou ambos. Contanto que eles me deliciassem com sua arte quando eu assim o quisesse, no elevador, na mesa da cozinha, no quarto da empregada.
Imagina só eu preparando o almoço de um domingo chuvoso, bebericando um vinhozinho, e de repente poder gritar de leve lá pra sala: Ahmad, honey, toca Poinciana pra mim enquanto eu dou uma flambada nesses pitus aqui?
Ou: João, já te pedi mil vezes pra não cantar "mostra/doeu?/ainda dói?/a voz mais rouca..." quando eu estou fatiando o alho poró. Eu me corto de emoção, benhe! Olha só o que eu fiz, chupa aqui o dedinho pra estancar o sangue. Aí, coisa mais fofa!
Já seria doidera suficiente, não fosse pelo fato de eu também nutrir uma certa apreciação por cartunistas. É o talento, gente, a estrada pra perdição. Aqueles traços vivos no papel, aquelas sacadas geniais. E o humor? Quem resistir há de? Homem sem humor é uma tragédia.
Por exemplo, o Solda, o cartunista Luiz Solda. Diz que, em algum lugar do passado, à famosa frase de John Lennon, o sonho acabou, Soldinha retrucou de bate-pronto: "mas ainda tem cuque".
Só dando um bejunaboca de um cara desses. Culpa não é minha, é do talento dessas criaturas de Deus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O que você acha?