Morre um, ficam outros

"Sua mentalidade estreita não alcança o entendimento de que 'ganhar as eleições' não significa fazer o que bem entende."

"Acredita nisso a ponto de chamar de 'antidemocráticos' os que tentam mostrar-lhe que isso não é democracia."

"Pensa que o país lhe pertence, por ter-se imposto através das urnas. (...) Ele acredita que o povo é ele, que a sua vontade é a vontade do Estado. Acredita nisso sem admitir prova em contrário. Não entende sequer como alguém possa ver as coisas de outro modo."

"Todas as repostas aos questionamentos que recebe terminam com a mesma pergunta: 'veja bem, quem ganhou as eleições?' Diz isso como quem não entende o que está sendo questionado. Enxerga os termos da democracia republicana com algo incompreensível. Na sua ideia a coisa toda se resume a 'se eu ganho, o país é meu, se eu perco, estou morto'."

"O convívio democrático não está presente nos seus pensamentos caóticos. Tenta subjugar a quem perdeu, por achar que, quem perde, merece ser subjugado. A derrota é para ele não uma circunstância momentânea na democracia e, sim, o fim de tudo: da opinião, da possibilidade de discutir uma ideia, de empreender um determinado projeto. Essas iniciativas são para ele, patrimônio de quem vence as eleições. O que perde, deve ser defenestrado."

"Estes são os termos do absolutismo, no qual todas as cores se resumem a uma só. As cores dos que perdem devem ser apagadas, humilhadas. Não há sociedade sem mando e obediência, sem senhor e escravo. Nesse contexto é natural que ele não queira perder jamais pois, no seu entender, os que perdem não servem para nada, só lhes resta o ostracismo, o qual merecem por serem perdedores."

"Porém o pequeno detalhe nisso tudo é que nós, que habitamos o país, não pensamos dessa forma. Pensamos, isso sim, que os donos da Nação são os cidadãos, e não aqueles que ganham as eleições."

"Nós, os cidadãos, não podemos permitir que aqueles que ganham as eleições façam o que bem entendam, sob o argumento de que ganharam as eleições."

"Toda a construção do constitucionalismo do século XVIII, que deu origem ao mais formidável progresso humano nos séculos subsequentes, baseia-se exatamente na ideia de que, acima da autoridade dos que vencem as eleições, estão a lei e a Constituição.

"Paradoxalmente o mundo tem mais séculos de vivência sob o domínio do absolutismo do que sob a civilização da tolerância. Mas todos nós sabemos que classe de mundo é esse: um mundo de arbitrariedades, um mundo de pobreza e de enfermidades... um mundo de atraso."

"A humanidade precisou compreender as vantagens da convivência civilizada, da prevalência da lei, e da supremacia da Constituição, para finalmente deixar para trás os gritos dos mandões."

"Enfim, o peixe morre pela boca. Fora da realidade, com a tranquilidade de quem está dizendo coisa tão natural como o sol se levantar todas as manhãs, ele segue acreditando que o país é ele. Seria interessante que alguém corrigisse esse equívoco brutal."


Carlos Mira, http://www.economiaparatodos.com.ar/ver_nota.php?nota=2180, sobre Nestor Kirchner.

Sei. 
Você pensou que se tratava de outro totalitarista da América Latrina...
Não. Esse, infelizmente, continua vivo. 
Vivinho da silva. 
Vivaldino.
Vivaldiníssimo.