quarta-feira, 17 de março de 2010

Como diria o Zé Trindade, o que é a experiência!

Email que o Rics Riva me mandou ao saber que eu estava doente e minha médica passou pra outra esfera.
 
Oi San.
Que tempo bom era aquele em que nossos médicos não morriam, lembra? Eram sempre mais velhos, alguns com os cabelos já brancos, aquele ar grave, mas nunca ficavam doentes, e morrer então, nem pensar. Uma das coisas que fazem a gente perceber que o tempo tá passando é quando, cada vez mais, somos atendidos por médicos mais novos que nós. É isso aí.
Estimo as melhoras, como diziam nossos avós. Beijos, pra sarar.
 
Olha, médico mais novo é uma parada. Primeiro, pela falta de experiência. Segundo, por que eles não tem experiência. Terceiro, por serem inexperientes.

Uma vez tive de fazer uma mamografia. Chegando à clínica veio um mediquinho japinha de primeira viagem me atender. Eu entrego a requisição, ele lê, titubeia, me olha de lado, sem encarar. Eu faço cara de "e então???". Ele volta à Terra, me manda entrar na sala onde está o enorme aparelho que fotografa seios. Eu me apavoro. Ele então, nem se fala. 
 
Eu: E aí, doutor? 
Ele: T----ti-ti-ra a bbb-blu-sss-sa, ppor favvor.
Eu começo a desabotoar a blusa, tremendo de pavor, porque não tenho noção de como o aparelho funciona, se dói, não dói, essas coisas. Sem a blusa agora, só sutiãzinho de renda branca. E o doutor nada, mal ergue a cabeça, nem me olha.

Eu (quase chorando de medo): E agora, doutor?
Ele: T-----tititi-ra aaa  lingerie, pppor fav-vor.
Eu (escandalizada): Tirar o sutiã???
Ele faz que sim, sem levantar a cabeça.
 
Tiro. Fico sentadinha, sutiã numa das mãos pendurado, torso nu diante do japinha. E ele nada.
Faço ham-ham. Ele ergue a cabeça, encara a minha amedrontada figura semi-nua, perde um pouco o fôlego, porque agora ele vai ter que tocar em mim, ajeitar o seio debaixo da enorme e fria prancha de metal. Momentos agônicos para nós dois. Eu tremo de medo, ele treme de pavor (whatever), segura meus seio com uma mão, ajeita o aparelho com a outra. Coitado! Juro, começo a ter mais pena dele do que de mim.

Ele, com a cabeça bem pertinho de mim, tentando fazer as coisas direito, suando frio, eu quase sem voz, apenas sussurro: Vai doer?
 
Pra quê! Ele me olha afogueado, tira as mãos devagarinho, parecendo explodir, e sai da sala sem uma palavra, diante do meu olhar atônito.

Instantes depois entra o bom e velho Doutor Fulano, que está na clínica há décadas. Ele me olha, balança a cabeça com um ar de aprovação, como quem diz "okay, vamos ao exame então" (acho) e faz todo o procedimento. Como naquela altura eu já chorava mesmo, ele passa a mão na minha cabeça e nos meus ombros, afetuosamente, e faz shshshs, enquanto procura o melhor ângulo para fotografar o assunto. Vou me acalmando, dou um sorriso tímido e fico-lhe ternamente grata, ele retribui, segurando minha mão, sem perder a fleuma. Tão bonzinho o doutor.
 
Ai, nada como um homem com mãos experientes pra tomar conta de uma situação! Médicos já deviam vir com experiência, de fábrica.

4 comentários:

  1. Oi San.
    Falando em experiencia, lembrei de uma vez, quando eu ainda era adolescente e no meio de uns amassos arrebentei a alça da blusa da moça e...deixa pra lá, nada a ver, esse é outro tipo de experiencia.
    Mudando de assunto: Graaande Zé Trindade !!!

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  2. Ahahaha, não deixa de ser uma experiência, amore. Só não vá pinchar no CV, tá?

    Grande Cancela, né? Impagável!

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  3. A propósito, tenho grande experiência em brincar de médico. Lembra, San?

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