sábado, 15 de outubro de 2011

Sobre emails fwd,com textos apócrifos e pps de autoajuda - parte 1

Sou má, conforme já confessei reiteradas vezes. E o pior: gosto de ser assim. Não me arrependo, não me recrimino, não sinto culpa por isso. Na verdade gostaria que as pessoas fossem tão más quanto eu.

Odeio gente boazinha. Não boazinha de bondade mesmo, que isso eu não acredito que ainda exista. Digo boazinha daquele tipo que olha com condescendência as coisas mais paiêra da vida, tentando fazê-las parecerem boas, dignificantes, bacanas, desejáveis até.

Cuspo nisso.

O que é ruim é ruim e pronto. Senão, a gente poe um cocô numa travessinha de banana split, acrescenta tudo o que vai numa banana split, sorvete, caramelo, calda, farofa de amendoim, mms, o que você escolher, e pronto! O cocô vira uma delícia, pode comer!

Não é assim.

Ficar velho, por exemplo. Acabo de mandar pro Ricarvalho (não só pra ele, hehehe) uma powha de um email fwd que fala das delícias de se tornar um velho ridículo.

Ah, me façam o favor! Ficar velho é uma merda, ninguém vai me convencer do contrário.

Ao envelhecer nos tornamos uma caricatura de nós mesmos. É verdade. Todas as técnicas que os caricaturistas usam pra retratar alguém, técnicas de exagerar as características de um indivíduo, por exemplo tornando a pessoa extremamente nariguda, ou orelhuda, ou sobrancelhuda, ou pançuda etc, tudo isso o Deus faz de verdade com a gente.

A velhice faz uma coisa tristíssima com as carnes da pessoa, que eu classifico como "migração", e que eu acho - do alto da minha pretensão que contempla quarenta séculos - seria de grande utilidade os cirurgioes plásticos (ou de silicone) estudarem mais detidamente.

Um exemplo: as carnes da bunda. Quando a pessoa é nova a bunda é carnudinha em baixo, no gomo, ali, onde é redondinho e bom de pegar, digamos. Quando a pessoa envelhece essa parte murcha, esvazia. A pessoa fica desbundada. Em compensação, onde antigamente o corpo era seco e firme, aquela bela região localizada entre o fim da cintura e o começo dos quadris, aquilo ali recebe as carnes que sumiram da bunda. Viram as cartucheiras. A pessoa passa a ter a bunda murcha e a cintura rodeada de pelanca. Olha que divertido!

Quem não vai achar linda essa mudança?

Peitos? A mesma coisa. Onde havia aquele peitinho firme, redondo, encantador, fica uma coisa sem forma. Em compensação as axilas, que eram magrinhas e ninguém notava, recebem todo o volume que saiu do peito, e passam a ter aquelas pregas, aqueles babados, que as mais descoladas não se importam em mostrar, sob as fatídicas regatinhas tão sem manga, valei-me santa glorinha kalil, padroeira da elegância!

Mas notem que eu não estou falando só das mulheres, não. Com o homem dá-se o mesmo, em alguns detalhes até pior. Com a bunda acontece igual. E onde antes havia um torso firme e musculoso, passa a existir um barrigão molenga, debaixo de dois peitinhos de mulher, caídos.

Okay, também já confessei que sou profundamente superficial, reparo nessas coisas, dou-lhes importância. Isso porque sou uma esteta, aprecio o belo. Por conseguinte desaprecio o não belo, paciência.

TO BE CONTINUED
(meus filhos quando pequenos odiavam isso, diziam "Ah, não! Tubi continuede não!)

2 comentários:

  1. É a triste-nua-crua realidade!!!! E nem as plásticas bem corrigem este decair físico-corporal.
    Só resta mesmo o cérebro, amigona - e olhe lá!!! Este também começa a fazer sinapses mais lerdas, podendo até querer se juntar com aquele alemão safado (Alzheimer).
    he,he,he,he,he,he,he......

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  2. Sobre as mensagens de autoajuda (autoajuda alheia - uma invenção brasileira? - lembrei de um poeminha do véio Leminski:

    gente que prende
    pássaros em gaiola
    tem bom coração
    ali os pássaros estão à salvo
    de qualquer salvação

    Esse pessoal tinha que se tocar que, não atrapalhando, eles já fazem muito pela salvação alheia

    Beco Prado

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