sábado, 15 de outubro de 2011

Nervosa: um blog madrugueiro

Sente-se só, companheiro? Entediado?

Não rolou aquela saída? Rolou, mas foi sacal? Nunca mais? Está numas de lembrar dos seus vinte anos? Daquela namoradinha brejeira, dos beijinhos fugidios, toda a inocência? O encanto da juventude, a fonte jorrando vida e promessas... A falta de medo e de arrependimento... A ânsia de conhecer, de experimentar seus limites, de vencer todos os desafios...

Você era imbatível, não era? Podia passar noites e noites na gandaia, entornando todas, fumando um atrás do outro, enquanto ouvia atentamente as filosofias de todos os bêbados de Curitiba... Bom, não era? Divertido. O mundo era uma noite imensa e promissora, pontuada de dias ligeiros. Você lépido e fagueiro, incansável, praticamente inatingível por essa coisa chamada tempo.

E depois... lembra? A mulher vivida, que primeiro o encantou, depois partiu seu coração e, no final, te deixou num pântano de solidão? E depois disso, aquele desfile de casos na sua vida... Muitas mulheres, poucos amores...

Está a fim de pensar nisso enquanto beberica um vinhoto, na solidão quieta e confortante da sua sala? Ou a úlcera te faz dispensar o vinho e apelar pra uma aguinha básica? Tudo bem. O importante é exorcizar esses demônios que não te deixam dormir. Não te deixam encostar a cabeça no travesseiro frio, suspirar fundo, fechar os olhos e ouvir apenas o silêncio da noite e as suas lembranças mais caras...

É, amigo. A vida é isso. Quando você se dá conta, tudo passou. Coisa boas, coisas ruins. Tem uma palavra árabe pra isso: yazul. Tudo passa.

E você? Perdeu o bonde do destino? Acontece... Acho que todo mundo perde, viu? Eu também perdi, que te parece? Mas tamos aí... à espera do madrugueiro, haha, uma hora chega.

Chega mais pra lá, dá um ladinho aí. Deixa eu sentar aqui, jogar uma conversa fora com você, old chap. Bota um Frank Sinatra aí. Não? Okay. Escolhe um som.

Cada uma que a vida apronta, não? Negócio é não dar tanta importância a tudo, tanta importância a nada. Dá tua mão aqui, deixa eu segurar. Assim. Amiguinho. Vem cá. Deixa eu segurar seu rosto suavemente, com as duas mãos. Ouve a música. Isso.

Seu sofrimento me comove. Me faz menos vazia. Somos todos irmãos no sofrimento. Não consola? Também acho. É apenas uma constatação. Mas há uma beleza no sofrer. Poética, eu? Até parece.

Aí. Tá mais sossegado? Então, soninho já vem. Fica bem. Fica leve. Tá bom?
Desculpar, eu? Nada. Amigo é pra essas coisas.

Vou sair de mansinho, deixar só a luz do abajur acesa.
Dorme, sem cuidado...




2 comentários:

  1. Bem por aí!!!
    Agora, após este bom ler e ouvir este sonzinho do Edú, vou tentar encarar o dormir neste "novo horário de merda".
    Talvez entrar no ritmo deste sininho que agora sonoriza teu Blog.
    Bj

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  2. Gostei desse seu sininh0!

    Bueno... Si!

    Sorry?

    nograms

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