terça-feira, 26 de abril de 2011

Béco Prado

Becão, meu superfofo companheiro de trabalho e quase irmão, essa pessoa poética, brilhante, sensível, ilustrada, com memória de elefante e apetite idem (pertencente à tribo dos magros sem vergonha, no universo paralelo dos gordos sem vergonha), única coisa que eu invejo, fora ter mãe ainda, em qualquer pessoa.


Becão digitou as mui bem encontradas linhas abaixo, a propósito da vitória do Coxa.

Não que ele seja coxa, na verdade acho que o Beco é panfutebolístico, pois não gosta de discordar de ou afrontar a ninguém.

Enfim, vejam que líndimo. Saiu ontem, no jornal da e-paraná canal 9, às 20h00. Vejam o jornal, gentem. Está melhorando a cada dia, e ao final sempre uma crônica de um dos coordenadores de criação.

Qualquer dia escrevo uma. Mas vou tentar fazer a locução também, com a cara e a coragem que o Deus me deu. Sou metidinha, sabem como é. Calaro, se não rolar será vetado. Paciência.

Tentar não ofende.
Pode ser ridículo, mas aí, fica a critério de cada um.



Poesia futebol clube 
Roberto Prado

Por mais que se esforcem, os comerciantes de emoções, para fazer do futebol apenas um negócio, a arte sobrevive nele, teimosamente. 

Sobrevivem a dança e o ritmo. Sobrevive a pintura. Sobrevivem o drama, a comédia, a tragédia, a dor e a delícia de fazer parte de um time e defender as suas cores. Sem violência, sem boçalidade, sem trapaça. Ganhar e perder, cair e levantar. Mas nunca deixar de reverenciar os bons. 

Sangue, suor e lágrimas, para defender o nosso grupo, armados de magia, arte e imaginação. 

Defender os nossos, mas com a precisão e a delicadeza de quem joga o bom jogo. Sabendo que amanhã nós seremos eles, eles serão nós, todos torcedores da mesma imensa e frágil bola azul infinitamente a girar.

Futebol, mais símbolo que realidade, mais energia que matéria. Futebol, metáfora da vida. Vida que fica bem melhor com poesia. Como esta, de João Cabral de Melo Neto:

A bola não é a inimiga
como o touro, numa corrida;
e, embora seja um utensílio
caseiro, e que se usa sem risco,
não é o utensílio impessoal,
sempre manso, de gesto usual:
é um utensílio semivivo,
de reações próprias como bicho
e que, como bicho, é mister
(mais que bicho, como mulher)
 usar com malícia e atenção
 dando aos pés astúcias de mão.


Como eu disse ao Beco, nunca vi o João Cabral tão bem preambulado. Bjo, Bé.


Photô de Aidon Noul. Arte do Solda,
do blog "Estou Ciente Que Vou Ver Bandalha, Quero Continuar"

2 comentários:

  1. San, obrigado pela pá de chá aqui no blogão. Você sabia que originalmente a crônica era de mão dupla, isto é, serviria para dialogar a respeito da conquista Coxa e da queda do Paraná Clube?
    Porém, que seja só do Coxa, rerererer.

    Beijos do beco

    ResponderExcluir
  2. My pleasure, chap.

    Sim, sim. A mão dupla, conforme você a concebeu, seria o mais bonito.
    Sorry.
    Deixei-me levar pelas doces asas da Panair da glória ;)

    ResponderExcluir

O que você acha?