segunda-feira, 30 de abril de 2012

Quase de manhã

Olha a hora que eu saí do banho.
Daqui a pouco está na hora de acordar e eu ainda nem fui dormir.
Trabalhei até há pouco.
Sou uma noctívaga. Sou uma todahorívaga, trabalho o tempo todo.
Demais, eu diria. Sou uma remadora de Ben-Hur, diria o Nelson.

Durmo pouco. E quando estou atormentada, durmo menos ainda.
Estou atormentadíssima. Mais do que nunca, querendo me jogar. Ir pros Eua, for good.
Pra nunca mais voltar. Isso é tudo o que quero. Last will.

Como diria a bigoduda Carlota Joaquina, baterei os sapatos, pois desta terra nem o pó quero levar.

Recolho-me, antes que desponte no firmamento o sol da manhã.
E deixo-vos com o meu estado de espírito, que é exatamente este:




Con Alma
Dizzy Gillespie, 1956. 
Piano: Michel Camilo, Bass Charles Flores,
Drums: Dafnis Prieto

Belíssimo.
Super mataram a pau!

Sempre apontando alguma coisa

Jack Sparrow, irresistível. O único cara que me faz gostar de dreads. Vi-o no sábado, navegando em Stranger Tides, atrás da Fonte da Juventude. De frique-froque com a Angelica, de Penélope Cruz. Captain Sparrow aponta-lhe a espada. Diz a bela, muito safadinha:


"Why is it we can never meet without you pointing something at me?"


Invéji invéji invéji!

domingo, 29 de abril de 2012

29 de abril, aniversário da Maezinha


Oi, Maezinha.
Hoje é o teu aniversário.
Sempre choro o dia inteiro, aqui e ali, no dia do teu aniversário.
Nao vou ao cemitério, você sabe. As outras meninas, pelo menos a Si deve ir, sempre vai.
Nao me ligo nisso, acho que nao tem nada a ver.
Talvez eu esteja errada mas, por enquanto penso assim.
Nao gosto de ir lá e pensar em você, na vozinha, na omama.
Prefiro pensar em vocês fora de lá.

E hoje, Maezinha, espero que você esteja especialmente feliz.
Se existe um céu, você deve estar nele.
Como que é aí?
Você encontrou tua família, como vivia dizendo que ia encontrar?
Encontrou pai, irmaos, a Vó Canda, a tia Mariquinha com seus tricôs?
Sempre peço a Deus que você esteja feliz, num lugar bem lindo, junto com o pessoal que você gostava.
É uma ideia meio pilherenta mas, vai que rola.

Tua prima querida, a Be, sempre escreve pra mim no teu aniversário, e eu pra ela no da tia Mariquinha.
Os meninos da Be fizeram uma festona de 70 anos pra ela, lá em Sampa.
Você teria adorado ir, né?
Fizeram num clube bacana, ela toda bonitona, maquiada. Bem mesmo, eu achei.
Eu nao fui. Você sabe, continuo nao indo a nada.
Sou a Capita Caverna de sempre.

Saudades, Maezinha.
Falta que você me faz.
Sabe, a gente cresce, cresce, fica velho, mas é sempre criança na hora de sentir falta da mae.
É tao mais difícil isso aqui sem você, tao mais sozinho.

Nunca vou perdoar o Deus por ter-te levado e deixado o sarna do pai aqui, nunca!
Esse Deus é muito estranho.
Você deve estar ralhando comigo agora: "Não fale assim, guria!"
Você e o seu Deus, sempre unha e carne. Comigo nao é assim, sou muito bocuda.

Hoje, a essa altura, a gente estaria disputando pra ver quem levava você pra almoçar no Veneza, haha.
Sabe que eu nunca mais fui em outro lá de Santa? Só pra fingir que estou levando você.
Quer dizer, fingir nao, acho que você sempre está comigo.

O Polaco Briguento também sente muito a sua falta.
Pudera, o que você mimou ele! Era um absurdo!
Tenho pena dele, deve sofrer tanto quanto eu.
Viu o que ele fez da vida, Mae?
Como era preciso você estar aqui!
Mas a gente é deixado pra se virar, é assim que o Deus faz.

E eu, entao?
Só piso no tomate o tempo todo, né?
Às vezes imagino você falando aquelas coisas pra mim:
"Minha filha, nao seja assim! Ai, filha, como você é..."

Você me irritava tanto com o seu otimismo.
Me irritava com a sua abnegaçao. Eu pensava: a mae nao tem fibra!

Que burra eu, né Mae? Você teve mais fibra que todo mundo que eu conheço.
É que a gente se acha, pensa que sabe tudo.
Nhá, a gente nao sabe é de porcaria nenhuma.
E você, quietinha. Nunca retrucava as críticas, nunca.
Parada ali, vejo tao bem, as maos debaixo do queixo, o pensamento ia longe, nenhuma palavra.
A burrona aqui achando que sabia tanto, que te deixava sem resposta... que burra.

Sinto tanta falta do nosso relacionamento-rosa, Mae.
Tinha pétalas e tinha espinhos.
Eu sempre achei que você nao gostava muito de mim.
Talvez por isso eu tenha ficado assim, dura, julgadora, quase impiedosa.
E talvez por isso eu tenha me tornado obsessiva com meus filhos, achando que tenho que fazer tudo pra eles, 25 horas por dia.
Eu me sentia meio abandonada, meio deixada de lado.
Só depois entendi o que é cuidar de tudo, dar conta de tudo, nao ter um minuto de seu na vida.

Você foi embora muito cedo, Mae. Antes do combinado, como diz o Rolando Boldrin.
Mil vezes eu tivesse ido antes de você.

Uma vez o Eduardo Gusso, que também ficou sem mae antes da hora, me disse:
"Esquecer a gente nao esquece nunca. De vez em quando a dor dá uma acalmada, mas fica ali, o tempo todo, pro resto da vida". E os olhos dele marejaram. Baixei a cabeça, ficamos quietos.
Nossa dor era tao verdadeira que parecia um ente ali, em silêncio, junto de nós.

No dia que ele morreu, tao moço, eu chorei feito louca.
Nao o conhecia quase nada, nao tinha amizade, nao convivia com ele.
Mas ele sentia igual a mim a falta da mae.
Fiquei mais sozinha com a morte dele, um quase estranho. Pode isso?

Meu Filhao vem almoçar aqui, e eu nem comecei o almoço.
Você sabe, ele chega tardíssimo, nao faz mal.

Mae, abraço enorme.
Beijo de cada lado do rosto, afago no cabelo.
Querida, fique bem.
E se puder, dá um alô com o Chefia, por nós aqui.
Ele sempre te ouviu. Você tem trânsito com Ele, danadinha.

Olha eu, estou aqui pra te cumprimentar, mas na verdade estou pedindo colo.
Queria ser a Sandrinha de novo, de franjinha e olhos grandes, vestidinho, sapatinhos de bico virado.
Uma vezinha só, pra poder ficar no teu colinho e esquecer a ruindade que é aqui sem você, Maezinha.
Lembra-se daquele meu vestido com morangos na barra, como era lindinho? A gente adorava ele.

Beijo. Felicidades aí.
San

A receita da felicidade. Ou, por falar em Pablo

Sabe aquelas pessoas viciadas em pps? Pior: viciadas em partilhar pps?
É impressionante.

Um dia desses, que eu tava muito sem saber o que fazer da m da minha vida, fiquei pensando num modo rápido e indolor de se matar. E aí, entre várias opçoes, imaginei - lokura lokura lokura - se eu cheirasse um montao de cocaína, se eu morria na hora ou o quê. Só que o primeiro problema: como que eu ia conseguir a cocaína?

Isso me levou ao pesamento seguinte: suicida de belle merde que eu sou. O mundo rola na cocaína e eu nem sei como faria pra conseguir achar alguém que me conseguisse cocaína!

Meu Deus. Que totalmente desenturmada. Que porforex - pra usar um termo chulamente condizente com a minha condiçao superultrapassada. Que patetiquice. Eu nao sou desse mundo, now it's official.

Aí pensei em como é que o cara, quando é a fim de cheirar, fumar, picar, fazer o diabo, ele encontra na hora os canais competentes? Como é que faz?

Você vai pra uma esquina? Pede a um taxista que te leve numa boca? Liga pra aquele amigo fora da casinha e pede uma dica? Imagine se eu tinha cara de fazer isso. Nossa, eu sou paleozóica, ponto final. Pensar num outro jeito de por fim a essa desastrosa vida.

Voltando ao pps. Eu nunca achei pps por aí. Nao sei nem por que existe essa forma cuzal de comunicaçao. A favorita dos chatos e medíocres. Nao sei se existe um site, whatever, onde você chega e um palácio de pepeésses se abre diante dos seus olhos. E você fica pasmado e embevecido, babando de gosto, que nem o Ali Baba quando mandou o Abre-te, Sésamo! Nao sei. Tudo o que eu sei é que a mera sigla pps me dá uma coisa, tipo, vomital.

Tudo quanto é panaca internético tem uma coleçao de pps da mais profunda e inexpugnável pamonhice. Umas coisas encardidas de lugar comum, obviedade, chuva no molhado, mesmice, outravezice, denovice, panaquice, aporrinhice - enfim, nao tem como a gente, isto é, eu, suportar.

Eles sabem exatamente onde achar a droga. A droga chega neles, facinho. E eles a espalham, chapados de prazer. Uns verdadeiros Pablo Escobar do pps.

Mas o pior da história nao é isso. O pior é que eles, os pps freaks, requentam os malditos cujos, pra poder te mandar o lazarento de novo. Toma, fiadapu! Veja essezinho de novo! Olha que tesao!

Eles exercitam uma tara que é, podíamos dizer, uma criatividade repetitiva. Mandam a lesma lerda, com títulos diferentes. Ou tascam lá umas lame images novas. Ou uns fucking cliches "novos" [pra essa gente existe isso]. E toma, desgraçado! Vê aê!

Assim, por exemplo, já recebi o mesmo pps com os seguintes - e sempre originais - títulos:

Lugares que nao parecem na terra!!!!!!!!*
Lugares que parecem de outro planeta!!!!!!!!!!*
Lugares que sao na terra mas parecem de outro planeta!!!!!!!*
Adivinhe onde ficam lugares que sao na terra mas parecem de outro planeta?????**

*   pepeessistas nao se conformam com o uso de um único ! ou ?
** eles acham que adivinhe é pergunta

E, claro, esses "lugares" sao sempre o Rio Sangue Quente no Japao [ou Rio Tinto na Espanha], a Entrada para o Inferno no Turcomenistao, a aurora boreal [é um lugar, a aurora] etc.

Às vezes a inovaçao consiste em mudar o nome do palhaço, isto é, do coitado do autor.

Acabo de re-re- re-receber hoje uma nhaca conhecida como A Receita da Felicidade de Arnaldo Jabor, A Receita da Felicidade do Monge Mathieu Ricard, A Receita da Felicidade de Mario Quintana, A Receita da Felicidade de um Monge, a Receita da Felicidade de Clarice Lispector, A Receita da Felicidade de Carlos Drummond de Andrade, a Receita da Felicidade de Marta Medeiros.

Mas hoje, compadrito, hoje a nhaca veio atribuída a Picasso, o mestre do brush de aço. Começa assim:


A Receita da Felicidade de Pablo Picasso (hapness)
[gostou do título em Inglês?]

"Deita fora todos os números nao essenciais à tua sobrevivência. 
Isso inclui idade, peso e altura. 
Deixa o médico preocupar-se com eles."

Bom. Sem entrar no mérito de por que seriam essenciais à sobrevivência de alguém esses números, e por que peeks "o médico" ia perder o sono pelos números de alguém, te lo pregunto:

Acha mesmo que aquele baixinho ególatra, despirocado, mulherengo, manguaceiro, fuera de la casita y sobre todo genial, ia achar tempo na vida pra essas picuinhas? Nao é mais provável que ele defecasse solenemente pra idade, peso e altura? E nao é absolutamente provável que, caso ele desse bola pra idade, peso e altura, seria única e exclusivamente pra idade, peso e altura dele? Acha que ele ia querer saber o que você deve fazer  com a sua idade, peso e altura, compadrito? Meterlos por el culo, provavelmente.

Se o Picasso escreveu isso, foi quando um pensamento cubista atravessou a massa cinzenta dele e a perfurou com seu ângulo agudo. Me dá uma canseira esse negócio, um tédio boy marino sem tamanho.

Pablo: La inspiración existe, pero tiene que encontrarte trabajando.
Isso sim tem a cara dele.


Em suma: quando você tiver muita raiva de alguém, mande-lhe um pps por dia, durante vários dias.
Pensando melhor, nao faça isso. É capaz de o besta achar o máximo.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Tá decidido

Próxima grana que sobrar [viram como ninguém é 100% pessimista?] vou pra Miami cobrir-me de tattoos. Será que dói demais? A lôka da Betina Müller diz que nao, mas eu nao acredito.


Tipo assim. Suave. Acho bem legal. Mas deve doer pacará.

Happy Friday do Jopz, anyway

Nao é porque eu tô triste que todo mundo precisa estar. Assim sendo, aí vai uma tattooada, pra alegrar a sexta do Jopz. E de quem curtir tattoo.

Que tal o detalhe do blur no bumbum? Gimme a break...

Um alto preço

Ao longo da vida foi-me dado conviver com alguns gênios, na família ou numa imitaçao de família, e fora dela. E posso-vos afiançar o seguinte: por trás de todo gênio existe um louco, que de inofensivo tem, quando muito, a aparência ou a fama.



quarta-feira, 25 de abril de 2012

Tsutomu Tosaka, de 74 anos, em oposiçao ao sapo

É calmo o início da madrugada... E triste. That's ok. I like it quiet and sad.


Na clara e afinadíssima voz da canadense Diana Panton
[piano/baixo: Don Thompson; violao: Reg Schwager; melô de Bergman e Sergio Mendes],
uma das minhas mais faves, desde menininha. 
There's always been oh, so many stars...
Tantas... e agente acaba escolhendo a que nao devia. Rats!


E como demoiselle Diana é profa de Francês, aí vai uma versao de Corcovado en Français
À vivre auprès de toi j'ai bien compris comment il est possible d'être heureux.
Mas é, hein? Pas de tout, mon chuchu!

Príncipe Encantado, tempos depois


Mas olha se nao é igualzinho um cara de 50 ou mais:
pintadinho, pançudinho, papudinho, bocudinho, 
zoinho empapuçado...
E escarrapachado no banco, tar e quar.
Pode beijar o quanto quiser, nao muda mais.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Nada mais ilusório do que uma lista de seguidores

Tem gente que me segue na surdina, e nunca mostrou a cara - ou o nome - na lista.

Tem gente que nunca se alistou porque acha um saco, ou nao sabe como fazer isso.

Tem gente que se alistou e, logo após, sumiu do mapa, nem sabe se estou viva ou morta.

Tem gente que se alistou porque achou que ficava feio nao se alistar.

Tem gente que se alistou porque achou que era o mais apropriado a fazer, num caso desses.

Tem gente que se alistou, depois se arrependeu, mas acha feio se desalistar, entao ficou.

Tem gente que se alistou, depois se arrependeu, entao se desalistou. Suponho.

Tem gente que... blá blá blá

E tem gente que se alistou porque quis, sabia o que estava fazendo e... é um seguidor mesmo.

Os demais...

Gotta face the Book



Pensando bem, nada mais natural do que essa minha resistência ao Facebook.

Me alistei lá um dia, por contingência.
Amigos que frequentam o Livro me chamaram pra ver seus registros e eu acabei me alistando, pra entrar naquela terra de ninguém todo mundo.

Nao consegui encontrar o que procurava, mas nem com reza braba. E fiquei alistada.
Minha inaptidão, quando antipatizo com alguma coisa, é assustadoramente imediata.
Cai o relé de pressao súbita.

Me desatrai no Feice essa coisa orkutiana, a misturança de gente, aquele povaréu.
O Face é muito omnibus pro meu gosto.
Muito baile funk, coisa assim.

Meus filhos acham retrógrado eu escrever num blog. Le blog est mort! bradam eles.
Mas eu... nha!

Gosto de me sentir escondidinha aqui.
Sou a mascarada mais low-pro que eu conheço. A rainha da reserva.
Okay, quase isso.
Claro, se eu fosse reservada mesmo, nem aqui pintava.
No final somos todos francamente hipócritas.

Mas eu sou uma hipócrita que nao gosta de ajuntamento.

E entao, até talvez, até quem sabe. Desculpe o mau jeito. Nao está mais aqui quem falhou.

domingo, 22 de abril de 2012

22 de abril de 2012. E entao, seu Cabral, como vao as coisas aí do outro lado?

Seu Cabral, em que bela nhaca Vossa Senhoria 
viria hoje a dar com os costados, hein?

Todo mundo devia cultivar uma certa aristocracia, um certo respeito pelas aparências

A Mae era uma mulher simples e abnegada. Trabalhadora, machista, submissa ao marido e aos filhos homens. Uma mulher à moda antiga, obsoleta.

Vó Canda era uma libertária. Feminista, divorciada, emancipada, ciente de suas prerrogativas, além de caipira convicta, aguerrida e irredutível, A nao ser diante de mim ou de minha irma, pra quem ela se desarmava e se derramava em mimos.

Ambas, saiba-me Deus como ou por que, tinham uns inexplicáveis laivos de aristocracia, que foram determinantes na formaçao da minha personalidade.

A Mae só usava perfume francês. Ou isso ou nada. E dizia, dos recônditos da sua jamais admitida coleçao de prosaicos preconceitos, que nada era pior do que "perfume de pobre", categoria na qual se incluíam as marcas vendidas em domicílio, que ela execrava. A consagrada estratégia de marketing door-to-door era por ela reduzida a pó. Tinha ojeriza à Avon e coisas do gênero.

Já Vó Canda abominava gritaria e voz alta. Quem quisesse comprar briga com ela, chegasse "bradando", como ela dizia em seu dialeto gauchês/tietês. Gritaria é sinal de fraqueza., o grito é o argumento de quem nao tem razao, ou nao está convicto da sua razao. Em palavras envernizadas, a voz da razao é fleumática.

Certíssimas elas. E elegantésimas.

Ouço hoje o mundo e caio na triste conclusao de quem ninguém mais tem um pinguinho dessa educaçao aristocrática. Muito menos um pinguinho de noçao, de qualquer educaçao que seja.

O som do mundo é desenganadoramente alto e ruim. O que se chama de música, hoje em dia, é um apanhado de acordes medíocres, percussao e obscenidades, em que qualquer débil mental faz sucesso.

A fala das pessoas está esganiçada, descontrolada, rachada, insuportável.

Meus vizinhos me dao a toda hora a impressao de estar vivendo num cortiço. Cortiço, pra quem nao sabe, era o amontoamento de pessoas sem classe, sem dinheiro, sem educaçao, a ralé. Cortiço é o precursor da favela. Os apartamentos de classe média soam como cortiços.



Por exemplo, a velha careca no prédio ao lado do meu - e olha que eu digo no prédio ao lado do meu, nao no meu prédio - chega a furar a barreira dos meus protetores auriculares de silicone, com o seu maldito papo destrambelhado às seis da manhã.

Velha desgraçada! Pra que berrar malditas abobrinhas, com a maldita empregada, às malditas seis da manha? Morra, mocreia insuportável! Nao vai fazer falta à ninguém.

Vó Canda dizia: "Minha filha, moça de família nao fala alto". A Mae dizia: "Minha filha, gente decente nao lava roupa suja fora de casa".

Mas, hoje? Filhos "de família", prebóis com seu carrinho importado úrtimo tipo, igualzinho a qualquer maloqueiro no seu Chevette podre remendado, ouvindo a mesma nojeira, no mesmo volume enlouquecedor, a qualquer hora do dia ou da noite, sem que autoridade nenhuma tenha cojones pra intervir.

As mocinhas? Umas galinhas loucas, como dizia Vó Canda. A qualquer momento um cacarejar desmedido, risadas histéricas, comportamento de fim de expediente em bordel, com desavenças. Que nojo. Chegam das pútreas baladas, altas da madrugada, batendo salto e tramela feito rampeiras revoltadas. E vestidas a caráter, diga-se de passagem.

E os homens de meia idade? Outro dia ouvi um papalvo berrando ao celular. Pensei tratar-se de um dos cortadores de grama ou pedreiros que trabalham no prédio. Qual! Era um vizinho, um doutor, funcionário de uma secretaria de estado, falando com um fulano que ele tratava de excelência.

Ouvi coisas que eu nao devia e nao queria ouvir. Sorte é que, além de a minha memória nao ser mais do que uma vaga lembrança, ainda há o meu total desinteresse pelos assuntos alheios, que me faz emouquecer de desprezo.

Mas, pergunto: custa às pessoas ter um pouquinho mais de amor pela aristocrática decência dos bons modos, do recato? Ser um pouco elegantes e agradáveis, finas? Deixar de lado esse cascao de povinho subdesenvolvido, subeducado, subpensante, subgente, metido a simpático e espontâneo? Custa restabelecer o antigo e mal avaliado respeito pelas aparências?

Sim, porque se a essa gente é impossível ser decente, tenha ao menos a aparência da decência. Pra mim é o que basta. Quero que se dane, contanto que seja em silêncio.

Mas, daonde?

Onde é que iam largar a pobreza de espírito, em toda a sua gloriosa e vigorante petezice?

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Prece à la mode


Deus, Deusinho do céu, por favor me escute nesta hora, mais uma vez, por favor, mais esta vez.

Deus, pode mandar um raio bem grande?
Um raio que caiba na cabeça de umas, sei lá, trezentas pessoas, pelo menos, pode?

Deus, meu Deusinho querido e bom e justo e poderoso - tremendamente poderoso - e irado, pode mandar esse baita raio aqui no Centro Cívico, mais precisamente na Praça N. S. da Salete, por favor?

Olha Deus, meu Deusinho do meu coração, Você sabe que eu sempre fui uma boa pessoa, nunca fiz mal a ninguém, nunca desejei o mal de ninguém... okay, só de gente que merecia isso, Você sabe, em geral eu tenho muita compaixao.

Eu sempre rezei e fui à igreja e ajudei os pobres e fui uma menina estudiosa e obediente à Mae e à Vó Canda, e sempre fui casta e bacaninha.

Lembra de mim em uniforme de gala, luvinhas brancas e boina, meias 3/4 e sapatinhos de verniz, sainha pregueada, véu e missal, atravessando a praça com Ma Soeur e Ma Mère e as meninas da classe, pra ir à missa cantada, toda manhã da última sexta-feira do mês, no Bom Jesus, lembra? Pois então.

De lá pra cá eu não mudei muito, não pelo menos no meu coração, Você sabe, Deus.
Então, baseada nesse nosso bom relacionamento, no meu bom comportamento, na minha fé, na Sua justiça,
baseada nessas coisas é que eu lhe peço:

Manda um raio bem grande na cabeça de todos esses padres católicos apostólicos romanos que viraram essa coisa nojenta e cantante que só serve pra aparecer na tv e se exibir, e juntar um bando de gente sem cérebro, gente que nem pensa em Você, Deus, mas só quer fazer turismo religioso e ajuntamento e baderna?

Manda um raio bem grande na cabeça desses pastores e bispos e ministros evangélicos, que também criam coisas cantantes horrorosas, e só pensam em Você como chamariz pra arrancar dinheiro de mais gente sem cérebro, que além de turismo religioso e ajuntamento e baderna, também faz feiras pra vender bugigangas, usando o santo nome do Seu Filho?

Nossa, essas feiras sao um nojo, Deus. Vendilhoes do templo à trocentésima potência... Canecas com a cara do Seu Filho, Deus. Camisetas, capas de botijao, coberta de cachorro... Deus do céu, se fosse com o meu filho eu processava essa cambada de safados... talvez eu os matasse de algum jeito, se me permite a franqueza.

Mas o caso é o seguinte, Deus: como Você sabe, todo feriado e dia santo que existe no nosso calendário, esses vendilhoes de todos os templos disputam a tapa entre si, lá com os caras do governo, quem é que pode vir berrar aqui no Centro Cívico. E os caras do governo permitem que eles venham, porque eles cooptam o voto daquelas pessoas sem cérebro, que sao em número de milhares, como Você sabe, Deus.

Entao esses palhaços fazem, de véspera, um ensaio das nojeiras, que os caras chamam de passar o som. E no dia seguinte eles fazem a nojeira propriamente dita, que é a maldita cantoria pavorosa, aquelas músicas medíocres com letras ridículas, verdadeira ofensa à Sua grandeza e majestade, Deus, e esse horror vai desde manha cedo até dez, onze da noite. É uma coisa insuportável, asquerosa, revoltante.

Eu nem precisava dizer nada disso, porque Você é onisciente mas, enfim, já disse.
Entao, Deus, pode mandar um raio gigantesco pra cima da cabeça desses lazarentos todos?

Eu gostaria de passar, depois do raio, no raio da Praça de N. S. da Salete e ver muito carvao e fumaça e corpos carbonizados e palcos destroçados e equipamentos destruídos e utensílios de padres e pastores derretidos pelo fogo e um grande silêncio pesando sobre tudo, como numa daquelas cenas de filme de guerra, depois que os nazistas passavam com tanques e armamentos possantes fudendo com tudo, e a gente ficava com um pavor imenso deles... eu, pelo menos, morria de pavor.

Mas nesse caso seria uma coisa boa, um expurgo, uma limpeza de uma pequena parte da terra, acabando ao mesmo tempo com exploradores, de um lado, e descerebrados, de outro. Pra que eles servem?

Bem, eu imagino que Você nao vá atender ao meu pedido porque Você, Deus, deve ter outros planos pra essa turma, e eu sei que Seus desígnios sao inalcançáveis para minha pouca inteligência e poucas luzes mas, vai que numa dessas Você baixa a guarda, ou está com a paciência estourada, ou com um humor capaz de decidir que está na hora de dar um basta a tudo isso?

Se assim for, por favor mande o raio.
Nao vai-se perder nada porque, gente que tem consciência nao vai estar lá. E muita gente sem consciência nao vai estar também, mas aí Você pega esse pessoal numa outra hora, de um outro jeito, enfim.

Pra mim é fácil dizer essas coisas porque, Você sabe, eu odeio essa humanidade, acho um nojo.

Nao se escandalize demais comigo, afinal Você me conhece melhor do que ninguém.
Muito obrigada por seu tempo.
Muito obrigada por todas as coisas boas da minha vida.
Muito obrigada pelos momentos de silêncio e pela árvores e por meus filhos e sobrinhos e pelo jazz e pela água de côco e pelo cheese cake e pelo English breakfast tea e pela literatura e pelo cinema em casa.

Ah, se possível, aproveite e mate uns cachorros latidores, que tem aos montes por aqui.
Aliás, ô bichinho nojento esse, hein?
Sério, nao foi uma das Suas criaçoes mais felizes, nao mesmo, eca!
E o pior é que eles sempre vem acompanhados de uma solteirona descompensada, oh my!

Obrigada de novo, desculpe o mau jeito, alguma coisa.
Amém.

Happy Friday do Jopz, com rendinha cor-de-rosa

Acho que já postei essa photô antes, not sure. Se for reprise, me desculpem.
Em todo o caso, vale para reforçar a nova ortografia, 
que mantém o hífen na palavra cor-de-rosa. 
Nas demais cores cheias de palavras nao tem hífen, okay?
Cor de burro quando foge, por exemplo, nao é hifenada.

Câncer é bom pro talento, ao que parece

Interessante encontrar na telinha Marilia Gabriela entrevistando Gianecchini pós-tratamento de câncer.

Peguei a entrevista no fim mas, pelo que deu pra ver, foi tudo muito leve e descontraído, apesar do tema, e apesar do laço - sempre encardido - de ex-relacionamento.

Giane pode ser muitas coisas que eu nao aprecio mas, deep, deep inside guarda um traço qualquer de bom menino, que me comove um pouco [sou mae convicta de dois bons meninos, já viu...].

E aí, fala que fala, tocaram no assunto da peça, uma que Giane fazia quando apareceu sua doença, peça à qual ele voltou, com a retomada da vida normal.

Pra ilustrar melhor, passaram uns trechos da peça. Giane contracena com sei-lá-quem, uma guria ruim pra diabo, ele um pouquinho menos ruim.

Entao o rapá comentou o quanto a experiência da doença mudou seu jeito de encarar o mundo, a vida, as pessoas e, principalmente, os sentimentos.

Disse que todas as suas falas na peça ganharam outra e mais profunda dimensao. Falou sobre dor, traiçao, casamento aberto e, nao nestas palavras mas disse, o quanto somos competentes quando o assunto é magoar o ser [dito] amado. E que hoje ele compreende coisas que, até um passado recente, nao via com clareza.

Pareceu um recado, um vago pedido público de desculpas, coisa do gênero, pareceu. Se foi isso, foi interessante. Gabi manteve-se firme, considerando tudo com seu inabalável olhar azul, do alto dos quarenta séculos da sua intangibilidade aparente.

Mas o que mais me surpreendeu nessa história é que Giane tenha melhorado sua atuaçao, com a experiência pessoal e árdua. Só digo tomara!

Porque, compadritos, isso de achar que brasileiro serve pra fazer teatro é uma das maiores balelas que rolam neste paisinho bunda.

Fazer teatro nao tem chongas a ver com 1. aparecer pelado em ensaio fotográfico; 2.fazer Malhaçao; 3. daí passar pra novelinhas marketeiras.

Na-da-a-ver, capisce? Tirante Fernanda Montenegro, brasileiro é tudo uma bosta atuando.

Well, verdade seja dita: a nao ser que seja político.

Com direito a selinho no final. 
Coisas dji gentchi modérrhna.
Eu, quando separo, prefiro dar selinho no Satanás.
Ou, como diria a inefável Vó Canda: 
"Sai de mim, mala de mao. Nao vou viajar..."

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Caras que eu curto

Callum Blue,
o engraçado triste infantil despirocado, 
good-hearted screwed Mason, inglês ceifador de Dead Like Me
all-time fave bem-mandaçao de Bryan Fuller, sobre quem ainda falarei um dia desses.



Uma das aberturas de programa mais gostadas por mim, ever. 
Adoro! Rerun no Sony Spin, canal 90 da morfética NET.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

O tempo muda até pra quem nao fala

Gioconda Nuda

Let me guess...
Se a mulher de Francesco del Giocondo, Mona Lisa, [pelada acima, em obra atribuída a Bottega Hefner, da Donnaiolo, the Italian Playboy] vivesse nos dias de hoje, a julgar pelo tiepo da tia, se enquadraria no seguinte profile: 
  • mae solteira de piá insuportável, magricela e orelhudo, reprovado 3 vezes no 1º ano da escola
  • moradora nas cercanias do Umbará ou do Xaxim
  • ensino fundamental incompleto
  • auxiliar de cozinha numa birosca da Praça Carlos Gomes
  • fumante compulsiva de Marlboro vermelho em maço, bebente de Rabo de Galo
  • apreciadora de sertanejo universitário e pagode
  • amiga de alguém chamada Elizabete Regina do Rocio, fiadora
  • arrumada na vida com um barnabé aposentado, calvo, pançudinho, de terno brilhoso, bafo de cerveja, dedos amarelos de mata-rato, esfregante de umbigo nos cafés da Boca Maldita, onde mata o tempo a contar velhas piadas sujas e a espichar os olhos cataráticos e pretensamente famintos pras mocréias que passam, casado com uma dona gordíssima, de voz grossa e bigode, portadora de varizes de um dedo de largura e bico-de-papagaio em estágio enlouquecedor. 

Ah, sim: nao me achem muito má por isso.
Selaví ©Boczon

Fraga: "Se além de falar contra os outros todo mundo também falasse mal de si próprio, a maledicência teria maior credibilidade."


A partir do pensamento do Fraga, a quem eu admiro dentro dos


limites da admiraçao prolatados dois posts abaixo deste, posso-vos

garantir que a minha maledicência merece total credibilidade, pois

eu desconheço [nao digo que nao exista, digo que desconheço]

alguém que fale mais mal de mim do que eu própria.

E com muita propriedade.

Dito isso, acreditem-me: quando eu falo mal de alguém que nao

seja eu, é porque esse alguém nao vale nada mesmo.

Pensamento do dia

Nao tenho pretensao alguma, a nao ser a de nao parecer pretensiosa toda vez que o sou.

ps: este pode nao parecer um pensamento muito bom, ou brilhante, mas é verdadeiro.

Straight to my bananas head


Se você me disser que existe uma melhor interpretaçao de "You Go to My Head", eu vou te olhar bem no fundo da alma e dizer: "Nao existe nao, tolinho! Nem ao menos parecida!" Portanto, nem perca o nosso tempo tentando fazer isso em casa, na rua, na chuva, na fazenda ou... blablablá.

Nao admire demais



Nao admire demais a alguém, nao admire ninguém demais.
Nao ache grandes áfricas.
Nao veja as qualidades de uma pessoa através da lupa do teu entusiasmo.
Nao se deixe fascinar, nao se devote.
Só Deus merece a tua devoçao. Ou nao. Mas nunca o homem.

Nao ache alguém tao esperto, ou doce, ou sábio, ou generoso, ou inteligente, ou dedicado, ou capaz, ou talentoso, ou afortunado ou feliz, ou bom, ou bonito, ou isso ou aquilo.
Ninguém é o que te parece.

Pois o que te parece, nao parece pra mim ou pro teu vizinho,
porque tudo nesta vida é absolutamente relativo.
Cada um de nós projeta sobre o outro uma imagem que nao é a verdadeira,
e nem é a imagem que um terceiro verá.
É tudo ilusório, e a ilusao depende, muitas vezes, diretamente do nosso fígado ou do nosso calcanhar [de Aquiles], ou de como funcionaram os nossos intestinos, de véspera.

Conheci algumas poucas pessoas nesse mundo, a quem admirei demais e por longo tempo.
Pessoas com talentos distintíssimos, habilidades admiráveis, cérebros privilegiados
que todos aplaudiam e gloriavam, vidas privilegiadas, que todos invejavam.

Todas essas pessoas - eu disse TODAS essas pessoas - eu soube depois, tinham o seu lado negro.
Umas mostraram violência, outras prepotência, outras preconceito, outras fraqueza, outras loucura, outras idiotice, nao importa o que, mas sempre sempre sempre uma característica tao humana quanto irracional quanto insuportável quanto destruidora de suas qualidades outras.

E eu, invariavelmente, voltava sozinha aos meus pensamentos, aos aposentos dos meus sonhos, a me refugiar na minha grande, limpa e aconchegante queen, buscando a consoladora posiçao fetal, lembrando os tempos de criança, quando eu olhava um adulto de baixo pra cima, e o achava ameaçadoramente alto e grande, e desnecessariamente terrível, um falso Deus irado.

Todo mundo, chega uma hora, se prova um cretino. É nisso que eu acredito.

Porém, nao vos enganeis, pensando que eu me acho uma jóia rara entre esses pedregosos.
Eu me acho uma bosta. Meus amigos é que sao todos príncipes, aquela história.
Mas ser uma bosta nao quer dizer que eu deva admirar outras bostas.
Nao quero, nao preciso, nao vou.

Deu pra minha cabeça. Chega de caraminholas.
O caminho está livre pra quem quiser se ajoelhar, prosaicamente, ante meus abandonados ídolos de barro, de ouro, de matéria onírica ou fecal.

Estejam à vontade.
Mas quando os descobrirem grosseiramente imperfeitos e enfadonhos, rasteiramente comuns e perplexantes, lembrem-se deste meu precautionary statement.
Tomem um Nescau Light morninho, escovem os dentes e vao dormir.
Que provavelmente já irá alta a madrugada, e suas pálpebras estarao pesadas de sono e decepçao com a vida e com os viventes.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Poemeu [homenagem póstuma e irrisória ao grandíssimo Millôr] poemeleca

Nao correm
as horas do meu dia.
Escorrem, lentas,
horas vermes, frias,
melequentas.

Pelas vidraças da janela,
pelas paredes da saleta,
sobre as frutas encolhidas,
murchas, capengas, sem vida,
numa vasilha de lata
esquecida.

Deixam rastros, as horas répteis,
passam moles sobre o pó, lesmas horas.
Sobem pelos umbrais,
colam-se nos caixilhos,
enroscam-se em aldravas
grudam-se às lombadas
dos meus livros
desmilinguidos,
horas ressecadas, velhas horas repetidas.

Horas insetos, asas decíduas, nao podem voar.

E eu, sem cadeira de balanço
pra me embalar, 
mal acomodada olho as horas 
em lenta procissao a caminho do nada,
bocejando lágrimas vazias,
cheias de tédio milenar.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

É calmo o início da madrugada em Curitiba

E isso pede um Chesney Henry Baker, Jr. de Oklahoma [com Enrico Pieranunzi ao piano], mandando um Blue in Green no seu trompete nostálgico, muito weeping willow ao vento em madrugada fria. Gosh, I need a drink.



Depois desta só me resta tomar o meu banhao quentinho e ir nanar, cheirozinha e macia, totalmente esparramada na minha queen, surrounded by my gentle self.

See ya morrow, babies. Nighty night.

Esperanza & Gretchen


Quebrando tudo, a maravilhosa multirracial multi-instrumentista americana de Portland/Oregon/Eua, Esperanza Spalding, nascida em gueto, filha de pai afroamericano e mae espanhola/índia americana, criada só pela mae, deslumbrando o mundo, primeira jazzista a receber um Grammy, professora do Berklee College Of Music em Boston, apaixonada por contrabaixo e pela música brasileira:


"With Portuguese songs, the phrasing of the melody is intrinsically linked with the language, and it's beautiful." Sotaque perfeito, prova de amor.

Aqui com participaçao do nosso grande Chico Pinheiro, com site linkado neste blog. É curtir.




E aqui, mandando ver em Inútil Landscape ou Useless Paisagem, de Tom e Aloizio, com a participaçao de Gretchen Parlato, vencedora da Thelonious Monk Jazz Vocal Competition de 2004. Wow!




E abaixo, Gretchen Parlato, dando um jazzistico e contemporâneo outfit pra Holding Back The Years do nosso manjadíssimo ol' chap Red. Jazz é música, o resto é conversa mole pra boy dormir.

Brincadeirinhas da San

Elianinha Elias, essa pérola delicada e preciosa, voz de mel, piano genial, talento puro. Amo-a.
Essa melô, uma das mais belas do meu repertório.
Vai aí uma brincaçao, misto de brincadeira com traduçao. Pra divertir o tempo, diria Vó Canda.
Canta comigo, diria o Rick Martin.




That's all 
[Alan Brandt & Bob Haymes, 1952]

I can only give you love that lasts forever
eu só posso dar-te amor, mas é pra sempre

and a promise to be near each time you call
e estar perto toda vez que me chamar

and the only heart I own
o meu coraçao te dou

for you and you alone
e tudo o que eu sou

that's all, that's all
é só, é só

I can only give you country walks in springtime
primavera, um passeio entre as flores 

and a hand to hold when leaves begin to fall
e no outono, minha mao pra segurar
 
and a love whose burning ligh
no inverno, chega mais

will warm the winter night
a noite é pra te amar

that's all, that's all
é só, é só

There are those, I am sure, who have told you
há quem diga, eu sei, te daria

they would give you the world for a toy
todo um mundo, pra te agradar

all I have are these arms to enfold you
eu só tenho pra dar esse amor

and a love time can never destroy
que o tempo nao pode apagar

If you're wondering what I'm asking in return, dear
o quero que você me faça em troca

you'll be glad to know that my demands are small
pode rir mas isso é tudo o que me importa

say it's me that you'll adore
diz pra sempre que me adora

for now and evermore
diz sempre, diz agora

that's all, that's all
é só, é só

domingo, 15 de abril de 2012

Domingaozaozaozaozaummmm

Perguntinha indolor e nada capciosa:

Você gosta mais do Faustão, do Gugu, da Eliana ou da putaquepariu?


Graças a Deus eu trabalho no domingo e gosto do meu trabalho e do meu domingo.
Graças a Deus eu posso assistir tv-acabo.
Porque se eu tivesse que gastar o meu domingo assistindo tv aberta, escancarada, eu me matava.

Graças a Deus eu tenho um amigo como Signore Cesare Marchesini, Il Magnifico, que no domingo me manda coisas assim:

Bruxas
Gracinha, nao? Valeu, Cesinha. Smack! [©Solda]

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Para alguém que está longe, longe, longe. Numa outra galáxia. Pra sempre. Que nem o ET. Sem a bicicletinha, porém. O que é consideravelmente pior.

A voz da Nana é sofrida e quente. Vai lá no fundo, esmaga o coração sangrento. Sangue vermelho a escorrer, dor sem recurso. Os acordes do Ivan, uma beleza. Feito a paixão no olhar que se despede. A harmônica tem as mesmas cores de uma tarde que cai, impassível e solene. 

Tudo isso junto me traz a dimensão da solidão humana, incondicional e eterna.

Mas, de verdade, eu queria achar tudo isso uma grande bobagem.

Happy Friday do Jopz, depois de um longo e tenebroso verao

E aí está, pra alegria geral, a bunda mais-que-perfeita da Stacey Keibler.Todas as mulheres deviam ter uma bunda pelo menos, assim. Aí a velharada babona que vai passar veraneio na orla horrorosa do Paraná, só a fim de ver bunda, veria só "coisa que preste", como diria Vó Canda. Hein? Já pensô?

E olhaí, gurizada, quem anda pegando a moça: o réio baxinhu...
Baba, gurizada, baba de invéji...

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Kelsey Grammer, the Boss

Após notável participação na histórica Cheers ao lado de Ted Danson e onze brilhantíssimas temporadas em Frasier [que lhe renderam um Emmy e mais 13 indicações e 700 mil dólas por episódio] como Dr Frasier Crane, o sofisticado, intelectual, pomposo e neurótico, hilário psiquiatra de Seattle que, ao lado do seu irmão, colega de profissão e competidor Dr Niles Crane [David Hyde Pierce], frequentava o Café Nervosa [de onde o nome deste blog], Kelsey Grammer retorna à telinha na festejada série Boss, estreia que lhe rendeu o Golden Globe Award de melhor ator em 2011.

A série [TNT, 5ª, 22h00] é sobre o prefeito fodão mob style de Chicago, Tom Kane, que esconde sua doença neurológica degenerativa pra não ser chutado pra fora do poder, arrumando remédios com contrabandistas, na calada da noite. Vejam. Eu vejo. Por enquanto tô curtindo muito. Mas é que eu gosto muito do Frasier, forever Frasier, uma das melhores coisas da tv ever.

Problema: dublado ou sem legendas. Última moda tupiniquim do caraca, infestando todas as séries da maldita tv-acabo. Ô paisinho de merda este.

Caras que eu curto



Simon Baker, 42, The Mentalist. 250 mil dólas por episódio.
Australiano de Launceston, Tasmânia.
O verdadeiro diabo da Tasmânia, na minha opinião.
Conhecido anteriormente como The Guardian, série velha uótema, ele uótemo.
Smoooooooooooooking hot. Um diabo de hot.
Bem podia ser meu Guardian. 
Tudo bem que me guiasse pro mau caminho. No problema.
Olha o queixo... Posso com isso? *ai ai*


Como Christian Thompson, 
o delicioso namorado de Anne Hathaway [paixao do meu teen],
em O Diabo Veste Prada. O diabo, de novo.

Never give up loving things

Pensei no seguinte:
Queria ter um fusca amarelinho. Sempre curti fusca amarelinho.
Talvez porque o Caco, um gostosinho da minha meninice, andava com um.

Mas, tunado.
No sentido de ser um fusca upgradeado, que ofereça mais do que um fusca normal ofereceria, em termos de motor, conforto etc. Sem mexer uma palha na aparência exterior.
Nada daquelas cafonices dos odiosos brega louds.
Mas porém, que não custe os olhos da cara.

Alguma sugestão? Informação? Ideia?
Thanx alot.